Perto de 17 mil votos não serviram para eleger deputados
Das 14 forças políticas que concorreram às eleições legislativas regionais do passado domingo, metade não conseguiram representação parlamentar.
De fora da Assembleia Legislativa da Madeira ficaram CDU, BE, PTP, Livre, ADN, MPT e RIR. Partidos que tiveram entre 527 votos (RIR) e 2.217 (CDU) que, como é óbvio, não serviram para eleger deputados.
Somando os resultados destas sete forças partidárias, verifica-se que 8.138 votos foram para partidos que não elegeram deputados, o que representa cerca de 6% do total de votantes (135.909).
No entanto, não são apenas estes votos que não serviram para eleger deputados. Há que somar os 609 votos brancos e 2.182 nulos que deram entrada nas urnas. Com estes, a soma já vai em 10.929 votos (8% do total).
Mas há mais votos, dos partidos que conseguiram mandatos, que não serviram para eleger. E são muitos.
O último mandato a ser atribuído, o 47º, foi para o PAN. Mónica Freitas foi eleita com 2.531 votos e é em relação a esse número que devem ser feitas contas em relação aos resultados de cada partido. Por exemplo, o último deputado do PSD (19º) foi eleito com uma parcela de 2.584 votos e o último do Chega (4º) com 3.135.
Comparados todos os resultados, é possível concluir que, entre os partidos que terão representação parlamentar há mais 6.000 votos que não terão servido para eleger deputados. O mais prejudicado terá sido o Chega, em mais de 2.000 votos.
Tudo somado, são muito perto de 17.000 votos que não serviram para eleger deputados e que representam 12,5% do total.
Eleições na Madeira são as mais proporcionais
No entanto, estes números são melhores, quando comparados com as eleições legislativas nacionais que são realizadas em sistema de círculos distritais e regiões autónomas, criando uma desproporcionalidade muito grande e o desperdício de centenas de milhares de votos. Pior só os sistemas de círculos uninominais em que a desproporção entre os mandatos atribuídos e as percentagens de votos de cada partido são enormes.
Nos Açores, a distribuição de mandatos é feita por círculos eleitorais de ilha, com um círculo regional e compensação. Mesmo assim a desproporção é grande, com os deputados da Ilha do Corvo (2) a serem eleitos com menos de 100 votos cada um.