Jogos tradicionais para celebrar Dia da Criança no Museu Etnográfico da Madeira
Actividade acontece na sexta-feira, 31 de Maio, entre as 10 e as 12h30, no Jardim do museu
Para aproveitar a proximidade da comemoração do Dia Internacional da Criança, que se assinala anualmente a 1 de Junho, o Museu Etnográfico da Madeira (MEM), espaço que é tutelado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, através da Direção Regional da Cultura, irá dedicar o dia anterior, 31 de Maio, "aos mais novos, com a colaboração dos mais experientes".
Assim, "no jardim do museu, entre as 10 e as 12h30, será desenvolvida uma atividade lúdica com entrada livre, através da qual o MEM procurará dar a conhecer alguns brinquedos de produção industrial ou artesanal, mas também jogos, que foram desaparecendo do nosso quotidiano, mas que fazem parte do nosso património cultural material e imaterial", informa.
E recorda neste 'convite' que "a maior parte dos brinquedos e jogos, têm, na sua génese, raízes ancestrais, utilizando-se gestos e técnicas universais, encontrando-se semelhanças, até mesmo na forma e que remontam à Antiguidade, como o comprovam artefactos lúdicos do Egipto, Grécia ou Roma, nomeadamente o caso da espada, do pião, dos cavalos de pau ou dos bonecos articulados, baseando-se, as diferenças culturais, essencialmente, na forma de construir os brinquedos, nos materiais e no modo de jogar".
Continua: "Antigamente, existiam brinquedos elaborados, produzidos industrialmente, mais comuns no meio citadino e no seio das famílias mais abastadas, e outros, muito simples, construídos na maior parte das vezes pelos pais ou avós, especialmente no seio de famílias com menos meios financeiros, que aproveitavam os recursos naturais disponíveis, e outros materiais, muitas vezes reutilizados, como madeira, arame, lata, ou restos da lã e retalhos, na altura, tecidos nos teares tradicionais."
Aliás, "nas zonas rurais, o aproveitamento inteligente dos recursos naturais e a criatividade das nossas gentes, fez com que, por exemplo, as crianças dessas localidades pudessem imaginar-se a conduzir um automóvel, surgindo os carros de madeira ou 'carros de pau'", exemplifica a nota de imprensa. "Se alguns apenas deslizavam em 'carros de arrastar', ou seja, pequenas tábuas rasas, untadas com sebo, para deslizar nos caminhos com forte inclinação, as chamadas 'ladeiras', outros construíam carros mais elaborados, recorrendo a caixas de madeira, cedidas muitas vezes pelo 'vendeiro' (merceeiro). Outros construíam os simples 'carrinhos de cana', utilizando a canavieira, matéria-prima em abundância na nossa Região. Todos estes brinquedos e formas de brincar procuravam reproduzir, no fundo, modelos sociais, associando-se a criatividade, ao reaproveitamento dos recursos naturais disponíveis no meio."
Lembrando que, ainda hoje "são promovidos, na nossa ilha, eventos de divulgação destes brinquedos, existindo, inclusivamente, 'campeonatos de carros de pau', em diferentes freguesias, provas comuns, aliás, em todo o país. Alguns Grupos de Folclore da Região procedem, também, a reconstituições destas atividades lúdicas, procurando preservar a tradição", o 'convite' vai precisamente no sentido em que "num mundo cada vez mais uniformizado, onde proliferam os jogos digitais e os brinquedos industriais, é importante criarem-se ações educativas de divulgação e de incentivo à criação destes brinquedos, os quais, pela sua ligação com a cultura local e com um passado recente, reforçam e afirmam, nas nossas crianças, a consciência da sua identidade cultural, conectando-os com a nossa memória coletiva".
"Deste modo, os serviços educativos do MEM promovem este evento, proposto e orientado por Alexandra Correia, técnica do museu, no qual os mais experientes terão oportunidade de transmitir o seu 'saber-fazer', aos mais jovens, no que toca à construção de brinquedos simples, como o 'grilinho' ou exemplificar alguns jogos, que em épocas mais recuadas, serviam para ocupar os tempos livres, nomeadamente jogar ao pião, saltar à corda, jogar às pedrinhas (ou 'cudilhe'), saltar no 'avião', conduzir carrinhos de cana, pneus e a popular 'bajia' e experimentarão jogos de roda, como o jogo do lenço ou do anel, durante o qual, os mais experientes entoarão cânticos tradicionais, transmitindo oralmente, aos mais novos esta tradição musical", conclui.