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Washington contra ataques a território russo com armas norte-americanas

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Os Estados Unidos, principal apoiante militar de Kiev, não querem que a Ucrânia utilize armas norte-americanas para atacar território russo, realçou um porta-voz da Casa Branca, após apelos em sentido contrário do Presidente francês ou líder da NATO.

"A nossa posição não mudou nesta fase. Não encorajamos nem permitimos o uso de armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar em solo russo", frisou ontem John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.

Kirby assumiu esta posição depois do Presidente francês Emmanuel Macron ter considerado que Kiev deveria ser autorizada a neutralizar as bases militares a partir das quais a Rússia dispara os seus mísseis contra o território ucraniano.

"Se lhes dissermos que não têm o direito de chegar ao ponto a partir do qual os mísseis são disparados, estamos de facto a dizer-lhes que vos fornecemos armas, mas que não se podem defender", referiu Macron, numa conferência de imprensa com o chanceler alemão, Olaf Scholz, no castelo de Meseberg, perto de Berlim.

"Mas não devemos permitir que outros alvos na Rússia sejam atingidos, e obviamente as capacidades civis", acrescentou.

A NATO está a pressionar as capitais ocidentais para que levantem as restrições que "amarram as mãos atrás das costas dos ucranianos", nas palavras do seu secretário-geral, Jens Stoltenberg.

O debate sobre se as armas ocidentais fornecidas à Ucrânia devem ou não ser utilizadas em solo russo está a agitar Washington e as capitais europeias.

Os mais reticentes até agora - Roma e Berlim, em particular - estão a brandir o risco de escalada e extensão do conflito, com o risco subjacente de o Presidente russo Vladimir Putin usar armas nucleares.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, instou hoje os Estados-membros da União Europeia a encontrar um equilíbrio entre o receio de uma escalada e a necessidade de os ucranianos se defenderem, afirmando que Kiev deveria poder atacar o solo russo com armas ocidentais.

Na segunda-feira, a Assembleia Parlamentar da NATO, uma instituição independente da Aliança Atlântica, aprovou uma declaração de apoio à capacidade da Ucrânia de atacar alvos militares na Rússia também com armas fornecidas por países aliados.

O texto foi aprovado por 47 dos 56 países ou instituições que compõem o organismo, que funciona como elo de ligação entre a NATO e os parlamentos dos países membros da Aliança Atlântica.

O Presidente russo Vladimir Putin advertiu hoje a Europa das "graves consequências" se os países da NATO permitirem que a Ucrânia utilize armas ocidentais contra alvos em território russo.

"Estes representantes dos países da NATO, especialmente na Europa, especialmente nos países pequenos, devem saber com o que estão a brincar", afirmou Putin numa conferência de imprensa no final de uma visita ao Uzbequistão.

"Devem lembrar-se que, regra geral, são Estados com territórios pequenos, mas densamente povoados", afirmou.