A ânsia pelo poder

As eleições na Madeira redundaram – como já se esperava – numa baralhada profunda, de onde não saiu um vencedor com votos suficientes para formar um governo com estabilidade parlamentar, dando azo a que os perdedores se possam juntar e sem ganhar eleições governar a Região.

A Lei que temos permite a concretização deste tipo ridículo de governação, e, claro, pode ser aproveitado por aqueles que, isoladamente, se mostram incapazes de chegarem ao famigerado PODER.

Para sermos sinceros, não nos causa admiração pois durante alguns anos vivemos num regime fascista (em ditadura) em que os políticos é que nos impunham os governos, ainda assim nos dispensando de votar (ao contrário do que acontece neste regime com graves “tiques de fascismo...em liberdade) que não nos obriga, mas tudo faz para que as pessoas tolas (como nós) percam o seu tempo em ir às urnas.

Evidentemente que, se uma pessoa vai votar e o partido que vota ganha as eleições e depois quem vai governar são os que as perderam, o melhor é acabar com esta fantochada eleitoral, economizar os milhões que se gastam nela, reunir os partidos e escolher um deles por “moeda ao ar” para formar governo.

Isto é uma vergonha descomunal, assente numa falta de senso, de carácter e dignidade, traduzida numa ânsia pelo PODER de bradar aos céus.

Que um partido que GANHE as eleições de forma minoritária procure outro que lhe garanta a sustentabilidade do governo que vai criar, que lhe dê a estabilidade que necessita para governar, tudo bem, agora perder as eleições e tentar unir outros perdedores para substituir o partido que ganhou e tentar formar governo, a baixeza é tão grande que dispensa comentário.

Sempre fomos contra a eternização no PODER e a liberalização de mandatos, mas também não pactuamos com “assaltos” ao PODER mesmo que uma qualquer LEI malfeita o permita.

Também esteve no imbróglio destas eleições as situações de Miguel Albuquerque e Paulo Cafôfo cada qual com as suas contas com a Justiça.

Em nossa opinião nenhum deles deveria candidatar-se a Presidente do Governo, enquanto não estivessem esclarecidas as suas situações, se bem que, não saibamos se são culpados ou inocentes naquilo que são visados.

No caso do Presidente Regional é arguido, mas sem nunca ser ouvido e os que na altura foram detidos, o juiz mandou soltá-los por não encontrar matéria que justificasse a prisão. No caso de Cafôfo vai se arrastando como outros.

Para concluir duas palavrinhas ao PS e ao JPP.

Em 2019 o PS elegeu 19 deputados, em 2024 somente 11. Para um dirigente consciencioso e desapegado este é que deve ser o motivo das suas preocupações.

Quanto ao JPP – como atenção de amigo – devemos dizer-lhes que na próxima Assembleia Regional vai estar um partido também pequeno que começou com 1, 2, 3 deputados, chegou a 9 e agora só tem 2. Para bom entendedor...

- Dirigimos um gesto de apreço aos partidos que mostraram senso e dignidade.

Juvenal Pereira