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Macron recusa "reconhecimento emocional" do Estado palestiniano

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Foto FILIP SINGER / EPA

O Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou hoje que o reconhecimento de um Estado palestiniano não é um "assunto tabu", mas deve ser feito "num momento útil", rejeitando um "reconhecimento emocional".

"Não há tabus para a França e estou totalmente pronto para reconhecer um Estado palestiniano, mas (...) considero que este reconhecimento deve vir num momento útil", declarou, numa conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão, Olaf Scholz, em Meseberg, perto de Berlim.

Macron recusou fazer o que apelidou como "um reconhecimento emocional".

Espanha, Irlanda e Noruega formalizaram hoje o reconhecimento do Estado da Palestina, num total de 145 países que já o fizeram em todo o mundo, segundo uma contagem da Autoridade Palestiniana e os mais recentes anúncios dos governos.

Na União Europeia (UE), estes três países juntam-se à Suécia, Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Eslováquia.

Ao mesmo tempo, o chefe de Estado francês defendeu a necessidade de uma resolução "muito clara" das Nações Unidas para "responder à emergência humanitária" na Faixa de Gaza, num dia em que os ataques israelitas voltaram a provocar a morte de dezenas de civis em Rafah, sul do enclave palestiniano.

O chefe de Estado francês manifestou o seu apoio ao apelo da Argélia para que sejam realizadas conversações sobre uma resolução conjunta, depois de o país norte-africano ter solicitado uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU, no qual França é um dos cinco membros permanentes com poder de veto.

É "dever" da França trabalhar nas propostas existentes e alargá-las, em cooperação com os seus parceiros e tendo em conta "o que aconteceu nos últimos dias" em Gaza, disse o Presidente francês.

"Estou certo de que tomaremos as decisões corretas. Especialmente em relação aos parceiros europeus e, para além disso, em relação àqueles que poderiam bloquear essa resolução", disse, referindo-se aos Estados Unidos, outro membro permanente do Conselho de Segurança.

Macron reiterou mais uma vez que apoia o direito à autodefesa de Israel e considera prioritária a libertação dos reféns ainda detidos pelo grupo islamita palestiniano Hamas em Gaza, mas sublinhou que Telavive deve respeitar o direito internacional e que os ataques em Rafah devem cessar.

Para o Presidente francês, é necessária uma "solução pacífica", que culmine no reconhecimento de um Estado palestiniano, bem como "garantias de segurança" para Israel.

Na mesma conferência de imprensa, Scholz adotou uma linha semelhante e reiterou a exigência de que o Hamas liberte os reféns e aceite um cessar-fogo, enquanto instou Israel a respeitar o direito internacional e a permitir que a ajuda humanitária chegue a Rafah.

O chanceler alemão descreveu o ataque de domingo a um campo de deslocados, que fez pelo menos 45 mortos, como um "incidente trágico" -- tal como o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu - e congratulou-se com o anúncio de uma investigação por parte das autoridades de Israel.

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 36.000 mortos e uma grave crise humanitária, segundo o Hamas, que governa o enclave palestiniano desde 2007.

O Governo israelita condenou Espanha, Irlanda e Noruega pelo reconhecimento do Estado da Palestina, argumentando que estes países enviam a mensagem aos palestinianos de que "o terrorismo compensa".