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Eleições Europeias País

CDU quer que Portugal volte a produzir comboios e invista mais na ferrovia

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FOTO FILIPE AMORIM/LUSA

O cabeça de lista da CDU defendeu hoje que Portugal deve voltar a produzir comboios e investir mais na ferrovia, criticando as regras orçamentais europeias que "servem para cumprir o défice, mas não para responder à população".

João Oliveira esteve hoje de manhã em Algueirão Mem-Martins, no concelho de Sintra - a freguesia mais populosa de Portugal, com quase 70 mil habitantes -, para abordar o desinvestimento na ferrovia e criticar as "restrições orçamentais" da União Europeia (UE), que considerou impedirem o país de reforçar a sua aposta nos transportes públicos.

Com bilhete para apanhar o comboio das 10:20 com destino à estação do Oriente, em Lisboa, João Oliveira acabou por ficar mais 20 minutos no cais porque esse comboio acabou por ser suprimido.

"Acertou mesmo na 'mouche'", ironizou uma utente.

O candidato aproveitou a ocasião para distribuir folhetos da CDU à maioria dos utentes que esperavam pelo mesmo comboio que ele e que, na generalidade, se queixaram dos atrasos diários que sofrem na linha de Sintra.

Em declarações aos jornalistas, João Oliveira defendeu que é necessária "uma outra abordagem" na política ferroviária, considerando "inadmissível que se continue a cortar o investimento público para cumprir as metas orçamentais europeias".

O candidato prometeu, caso seja eleito, bater-se no Parlamento Europeu por "outro tipo de consideração das regras de investimento público" e também para que Portugal possa ter "uma política de reindustrialização que lhe permita produzir comboios".

"Tivéssemos nós capacidade de produção de comboios e eventualmente, na linha de Sintra, podiam circular alguns comboios novos há muito tempo, correspondendo às necessidades das populações", disse.

Depois, a bordo do comboio das 10:45, acompanhado pela dirigente do PEV Mariana Silva, que integra as listas da CDU para as europeias como número quatro, João Oliveira andou pelas carruagens a apelar ao voto na coligação, para garantir que há quem se bata no Parlamento Europeu "por mais investimento e mais comboios".

"É necessário, sim. Os atrasos provocam transtornos porque o patrão nunca espera por nós quando chegamos atrasados ao trabalho", concordou um dos utentes, que, sentado à janela, desejou "força" a João Oliveira para as eleições.

Na estação da Reboleira, na Amadora, onde desceu do comboio, João Oliveira voltou a falar aos jornalistas, destacando que a linha de Sintra é um exemplo do estado da ferrovia, porque "há mais de três décadas que não há investimento na modernização da linha, no aumento do número de comboios".

"É um caminho de desinvestimento para cumprir as metas do défice e as regras do euro, mas que não serve a população", criticou, defendendo um reforço do investimento público na ferrovia sobretudo sustentado no Orçamento do Estado e complementado com fundos europeus.

Ao lado das antigas instalações da SOREFAME, que produziu material circulante ferroviário até à sua extinção, em 2001, João Oliveira voltou a criticar a UE, salientando que a empresa foi desmantelada "em nome das regras do mercado único, das privatizações, e da entrega dos setores estratégicos nacionais a outras empresas estrangeiras".

"Nós precisamos efetivamente de um caminho diferente de reindustrialização do nosso país e de recuperação dessa capacidade de produção industrial que fomos perdendo ao longo dos anos", considerou.

O candidato criticou também a política ferroviária dos governos nacionais, sejam do PS ou do PSD, que considerou fazerem "anúncios e propaganda", mas depois não fazerem uma "aposta séria" nos comboios e "aceitarem placidamente as restrições da UE".

"Mais do que bandeiras políticas de promessas que nunca são concretizadas, nós precisávamos era de bandeiras que, nas estações ferroviárias, dessem sinal aos comboios para partir. Dessas bandeiras é que nós precisávamos, era sinal que havia um investimento na ferrovia", ironizou.