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BE acusa IL de mentir e usar "estratagemas da extrema-direita" sobre Ucrânia

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FOTO MIGUEL LOPES/LUSA

A cabeça de lista do BE às eleições europeias, Catarina Martins, acusou hoje a Iniciativa Liberal de mentir sobre a posição bloquista quanto ao conflito na Ucrânia e de utilizar "estratagemas da extrema-direita" na campanha eleitoral.

"Eu não vejo nenhuma sonsice, eu lamento apenas que Cotrim de Figueiredo tenha usado os mesmos tipos de estratagemas da extrema-direita. Porque Cotrim de Figueiredo conhece a posição do BE e decidiu mentir sobre a posição do BE", acusou Catarina Martins.

A cabeça de lista do BE falava aos jornalistas em Lisboa, numa ação de campanha eleitoral, depois de na segunda-feira à noite o 'número um' da IL às europeias, João Cotrim de Figueiredo, ter acusado o BE de ser um "partido eurosonso" por apoiar a luta da Ucrânia, mas com condições.

Acompanhada pela coordenadora do partido, Mariana Mortágua, Catarina Martins salientou que o Bloco "foi o primeiro partido em Portugal a denunciar fortemente a oligarquia de Vladimir Putin [presidente da Federação Russa] e aquele regime" e que sempre defendeu "o direito à autodeterminação do povo da Ucrânia" e à integralidade do seu território, com apoio para se defender.

"Mas queria lembrar que nem todos os partidos têm a mesma posição que o BE e nós não aceitamos o cinismo. Nós lembramo-nos que poucos meses antes da invasão da Crimeia pela Rússia, o governo PSD/CDS-PP andava a vender vistos 'gold' aos oligarcas russos. Nessa altura Cotrim de Figueiredo era presidente do Turismo de Portugal, trabalhava muito bem com o PSD e CDS que vendiam vistos 'gold' à oligarquia de Putin", acusou.

A estas críticas ao candidato da IL, Catarina Martins lembrou que atualmente o governo de extrema-direita da Holanda "só é Governo porque tem o apoio dos liberais holandeses".

"O BE não tem nenhuma falta de clareza sobre esta matéria. Nem todos os partidos podem dizer o mesmo", salientou.

Interrogada sobre o que diria ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que está hoje em Portugal, Catarina Martins respondeu que expressaria a sua solidariedade e o "compromisso para um caminho para a paz que permita proteger o povo ucraniano e a integralidade do território da Ucrânia".

Já sobre como se compatibiliza os pedidos de material militar feitos pelo chefe de Estado ucraniano para se defender e a paragem da escalada militar, Catarina Martins respondeu que a Ucrânia precisa de apoio mas ao mesmo tempo é necessária "uma estratégia para de construir a paz".

"O presidente Zelensky disse logo em 2022 que estaria disposto a negociar a neutralidade da Ucrânia para manter a integralidade do seu território e ter paz. A União Europeia (UE) na altura não fez nada, do nosso ponto de vista fez mal. A UE nunca se apresentou como mediadora do conflito, ficou sempre à espera que outros o fizessem e a UE deve ter mais responsabilidades", argumentou.

Momentos antes, numa conversa intitulada "No Parlamento Europeu, Mulheres pela Paz", com a participação da escritora e jornalista Pilar del Rio, a atriz Teresa Coutinho e a investigadora palestiniana Shahd Wadi, Catarina Martins estendeu as críticas à diplomacia europeia também quanto ao conflito israelo-palestiniano.

Catarina Martins acusou a União Europeia de "financiar o genocídio" na Faixa de Gaza ao manter um acordo de associação com Israel e insistiu na aplicação de sanções económicas àquele país, à semelhança do que foi feito com a Rússia após a invasão da Ucrânia, enfrentando as potências invasoras "onde lhes dói".

Pilar del Rio manifestou a sua confiança em Catarina Martins, classificando-a como uma "mulher moderna, valente, decidida" e citou o marido e escritor, José Saramago, que morreu em 2010, juntando-se aos apelos à paz: "A Humanidade não é uma abstração retórica, é carne sofredora e espírito ansioso, e é também uma inesgotável esperança. A paz é possível se nos mobilizarmos para ela. Nas consciências e nas ruas".