Estudantes ocupam NOVA Medical School em Lisboa e exigem fim da guerra
Estudantes da NOVA Medical School ocuparam hoje o edifício da faculdade, em Lisboa, exigindo o "cessar-fogo imediato e incondicional" na Faixa de Gaza e o fim da utilização de combustíveis fósseis em Portugal até 2030.
O protesto, associado ao movimento 'Fim ao Genocídio, Fim ao Fóssil', que já ocupou três outras faculdades em Portugal, conta com estudantes da NOVA Medical School e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), também da Universidade Nova de Lisboa, alvo de uma ocupação nas últimas duas semanas.
"Durante todo o dia, polícias impediram a entrada aos manifestantes nas entradas da faculdade. Alguns dos estudantes conseguiram entrar e barricaram-se numa sala, enquanto vários apoiam no exterior", explicou este movimento, em comunicado.
Questionado pela agência Lusa, o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa (Comtelis) confirmou esta ocorrência, referindo apenas que se encontram agentes no local, sem detalhar mais informações.
Imagens divulgadas num canal na rede social Telegram deste movimento mostram manifestantes barricados numa sala e a mostrar bandeiras da Palestina e tarjas numa varanda.
Os manifestantes reivindicam à faculdade, em relação à guerra na Faixa de Gaza, a "divulgação e transparência sobre todos os acordos entre esta instituição e instituições do "Estado de Israel, assim como a interrupção de todas as parcerias em curso", salientam no comunicado.
Para Joana Fraga, estudante de Medicina e porta-voz desta ação, os alunos desta faculdade aprendem o dever de "agir perante o sofrimento humano".
"É isso que estamos aqui fazer, e não há sítio onde isso faça mais sentido do que numa escola médica. É esta instituição que nos incute esses valores. É isso que nos exigem neste espaço, é isso que estamos a exigir neste espaço: o fim de todo o massacre e de todas as mortes a que temos assistido às mãos de um sistema de exploração", sublinhou, citada na nota.
Já Teresa Núncio, estudante da NOVA Medical School, alertou para um "genocídio em direto" com "hospitais dizimados, centenas de profissionais de saúde assassinados, escassez de medicamentos e de equipamento médico, falta de acesso a comida e a água potável".
"Como futuros profissionais de saúde é nosso dever tomar uma posição e resistir contra as instituições que estão a permitir este genocídio", sublinhou.
Os manifestantes alertam também para "os avisos dos médicos e cientistas, para o aumento da frequência e gravidade de desastres climáticos e para o seu impacto que terão na saúde pública".
"Estamos a falar de uma crise humanitária. Cada vez mais nos confrontaremos com níveis inimagináveis de vulnerabilidade. É assustador pensar que não vamos estar preparadas para isso, que nenhum Serviço Nacional de Saúde está preparado para dar resposta àquilo que será o colapso civilizacional decorrente da crise climática e nenhum curso de medicina é capaz de me preparar para a doença que teremos em mãos", acrescentou Teresa Núncio.
Este movimento apelou ainda, no comunicado, para a participação, em 08 de junho, numa manifestação com início no Príncipe Real, que, no "contexto das eleições europeias em curso nesse momento, procurará também reivindicar o fim do genocídio na Palestina e o Fim ao Fóssil em Portugal até 2030".