Ao que isto chegou
As eleições de 26 de Maio de 2024, mostraram que a fase de instabilidade política resultante da dissolução da Assembleia Regional da Madeira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, após uma crise política que envolveu investigações de corrupção que afectaram a liderança regional, está para durar.
Dos 47 deputados da Assembleia Legislativa Regional, o PSD conseguiu eleger 19 (menos um do que na anterior eleição); PS manteve os 11 que tinha; o JPP subiu significativamente de 5 para 9; o CHEGA manteve os 4 que tinha; o CDS (renascido das , após a coligação com o PSD) conseguiu eleger 2 deputados e, assim, constituir um grupo parlamentar; a Iniciativa Liberal (IL) manteve o deputado que tinha e, também o PAN, quase no fim das contagens, ficou a saber que mantinha, a deputada. Quanto aos anteriores detentores de lugares no hemiciclo – CDU e BE – perderam as cadeiras. Os outros chamados “pequenos partidos” tiveram votações residuais.
Embora, em todas as eleições, haja uma tendência generalizada para todas as forças políticas em presença manifestarem a sua satisfação por, de algum modo, terem “ganhado”, o facto é que, desta vez, apenas o PSD pode dizer que ganhou (teve mais votos do que qualquer outro dos partido concorrente) e os JPP que foram, efectivamente, os ganhadores desta eleição porque quase duplicaram o número de deputados (passaram de 5 deputados, em 2023, para 9 deputados, em 2024) tendo, ainda, expressivas votações na maior parte dos concelhos.
A CDU promete continuar a combater pelas causas de sempre, o BE lembra que já não é a primeira vez que fica fora da Assembleia, mas que vai continuar o trabalho, o PAN afirma que será “força construtiva” no novo quadro parlamentar; A IL recusa qualquer entendimento com PSD ou com PS; o CDS fez questão de afirmar que, após a coligação com o PSD, nas últimas eleições, iria concorrer sozinho e pôr na prática o que apregoou durante a campanha eleitoral.
Livre, PTP, RIR, MPT, ADN disseram qualquer coisa para justificar o desastre. O CHEGA que era a esperança de alguns e a preocupação de muitos…manteve o número de deputados, apesar do “efeito André Ventura”.
Aqui chegados, verificamos que estamos num impasse político: o PSD, pela voz de Miguel Albuquerque, desvalorizou a perda de votantes e a diminuição do número de deputados que o impede de governar com um apoio maioritário da Assembleia Legislativa, garantindo que o partido teve uma votação “inequívoca” para governar e que está preparado para “conversar” (leia-se: “negociar”) seja lá com quem for.
O PS, pela voz do líder Cafôfo, na noite das eleições, reconheceu que o resultado não tinha sido o que o partido desejava, mas que iria conseguir uma solução governativa para as próximas horas, não explicando como nem com quem.
Não parece haver hipótese de uma junção PSD/PS.
Os potenciais parceiros – quer do PSD, quer do PS – disseram claramente (com a possível exclusão do PA que parece estar disponível para “ir a todas”…) não estar disponíveis para coligações nem para acordos de incidência parlamentar.
Assim sendo, aos eleitores da Região Autónoma da Madeira, como já tinha acontecido nos Açores e “na República”, resta esperarem para ver onde “param as modas”…