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Fact Check Madeira

Chega teve um “resultado ridículo” nestas Regionais?

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Os comentários aos resultados destas Eleições Regionais não tardaram a aparecer nas redes sociais. Destaca-se uma opinião deixada na rede social Facebook: “A comunicação social não fala do resultado ridículo dos cheganos?”.

Neste 'Fact Check' procuramos perceber se o resultado do Chega-Madeira, neste sufrágio, foi efectivamente "ridículo".

O internauta não esclarece o que quer dizer com “resultado ridículo”, nomeadamente se é em comparação aos resultados obtidos anteriormente ou se em confronto com os restantes partidos ou algum partido em específico.

Para efeitos de investigação vamos assumir que se trata dos resultados conquistados pelo Chega em eleições anteriores na Madeira. Neste sentido, para verificar a veracidade desta questão lançada é necessário retroceder e analisar a presença deste partido de extrema-direita nas eleições regionais na Madeira.

Foram nas Regionais de 22 de Setembro de 2019 que o Chega-Madeira apresentou-se pela primeira vez para sufrágio, tendo como cabeça-de-lista Miguel Teixeira. Os resultados destas eleições não foram, todavia, os esperados.

Com 619 votos (0,43%) o Chega admitia, ainda assim, na altura que não iria desanimar e que não ia baixar os braços.

Quatro anos depois, o partido volta a apresentar uma lista candidata às Regionais, agendadas para 24 de Setembro de 2023, desta feita com o líder partidário regional, Miguel Castro, como cabeça-de-lista.

O Chega-Madeira tornou-se a quarta força política na Assembleia Legislativa da Madeira (ALM), conquistando 12.028 votos (8,88%), o que corresponde mais 11.409 votos em comparação às Regionais anteriores (um aumento que rondou os 1843%).

Conseguiram assento parlamentar, elegendo quatro deputados, – Miguel Castro, Magna Costa, Celestino Sebastião e Maíza Fernandes – com André Ventura, líder nacional do Chega, a destacar o feito: “Fizemos história na política da Madeira”, disse, a partir de Lisboa, mal foram dadas a conhecer as primeiras projecções à boca das urnas.

Já Miguel Castro lembrou o historial do partido e a resiliência do mesmo, afirmando que a presença do Chega no Parlamento madeirense seria para dar “voz dos que não têm voz”.

Oito meses depois desta escolha o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolve a ALM, na sequência da crise política desencadeada em Janeiro deste ano, com a investigação da alegada corrupção na Madeira.

Com a eleição do passado domingo, os resultados mostraram que 12.541 madeirenses e porto-santenses disseram sim ao Chega, fazendo com que este mantivesse o mesmo número de deputados eleitos (Miguel Castro, Magna Costa, Celestino Sebastião e Hugo Nunes).

O partido liderado por Miguel Castro conseguiu alcançar mais 513 votos do que no acto eleitoral de Setembro último.

Nestas Regionais o Chega foi o único partido que cresceu à direita, afirmou o líder partidário, em declarações na noite eleitoral. “Deixem-me vos dizer que o Chega cresceu em percentagem, e só não cresceu em número de mandatos precisamente por causa da abstenção”, alegou.

Deste ponto de vista, afirmar que o Chega-Madeira obteve um “resultado ridículo” não seria verdadeiro porque de sufrágio a sufrágio o partido tem aumentado o número de votos, assim como, em comparação às eleições de Setembro aparece com um ligeiro aumento percentual (9,23% face aos 8,88% de 2023).

A comunicação social não fala do resultado ridículo dos cheganos?