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Regionais 2024 Madeira

ACIF teme paralisação da economia regional

Jorge Veiga França lembra que Madeira está a funcionar em duodécimos, o que continuará se não houver estabilidade para aprovar programa e orçamento do governo

Foto Miguel Espada/Aspress
Foto Miguel Espada/Aspress

A ACIF - Câmara de Comércio e Indústria da Madeira acredita que é possível haver entendimentos entre os partidos políticos, caso contrário a Região continuará a ser governada em duodécimos nos próximos meses, o que para todos os efeitos, inviabilizará investimentos e políticas acertadas para que a economia regional não sai mais prejudicada do que já estará a ser com a indefinição política criada desde Fevereiro. Para o presidente da direcção, Jorge Veiga França, a Madeira não pode viver de políticas eleitoralistas, que não garantem a estabilidade necessária.

Questionado ontem à noite, mal se soube dos resultados emanados das urnas, sobre que leitura se podia retirar, o dirigente associativo começou por dar os parabéns ao partido vencedor pois, "efectivamente, depois de tantos anos no poder e depois destes últimos meses em que vamos na terceira eleição, é de relevar o PSD conseguir ainda vencer, embora com algum desgaste", e também os parabéns para o JPP, "porque quase duplicam o número de votados e é, de facto, como alguém dizia, tratam-se de dois partidos com uma pendência muito regionalista, e isso, penso, deixa qualquer madeirense satisfeito".

Por outro lado, "de uma forma geral, o que me deixa preocupado, por enquanto, é o facto de não haver um quadro de resultado eleitoral que nos permita assegurar uma estabilidade", tal como a que "vivíamos até há sete meses atrás, e que ainda, bem ou mal, teria sido conseguida com acordos parlamentares, deixa de existir", lamenta.

Outra grande preocupação, esperando que a noite tenha sido "boa conselheira e que seja, talvez, motivo para que alguns partidos se reúnam para conseguir tentar obter acordos que permitam uma governação estável, e que possamos, nos próximos dias, acordar com uma situação onde se possa decidir, com a máxima das urgências, e possamos ter um orçamento regional". E acrescenta: "Eu tenho referido muitas vezes que é importantíssimo e tem-nos feito muita falta um orçamento aprovado. Nós estamos a trabalhar em duodécimos. Não podemos esquecer que a proposta do orçamento que existia, com o resultado das outras eleições em Setembro do ano passado, dava-nos um valor orçamental que era em 200 milhões de euros, melhor ou superior àquilo que em duodécimos nós temos vindo a ter para realizar a governação. Isso significa que várias obras e posições, em que o governo regional, em vários investimentos, teve que adiar, atrasar ou, se calhar, procrastiná-los para outra situação onde eles possam ter um orçamento ainda este ano."

Contudo, "como estamos já em finais de Maio, não podemos esquecer que a única hipótese de termos um orçamento ainda este ano, e que seja um orçamento com valores mais dignos daquilo que era pretendido ser feito na região, é que preciso que se trabalhe em força e que antes das férias parlamentares, que vão a partir de praticamente meados de Julho até meados de Setembro, onde nada se passará senão se tiver conseguido concertar alguma coisa", antevê.

Para Jorge Veiga França, esta indefinição, reforçada agora com o acto eleitoral, "são razões de alguma preocupação", pois há um "desgaste é natural", mesmo para o PS que poderá continuar a ser oposição na Assembleia regional, ou o CDS que conseguiu um grupo parlamentar com dois deputados, sem esquecer os outros, "se calhar há pano para mangas para se conseguir encontrar, entre os partidos que elegeram deputados, um consenso para permitir uma configuração com alguma estabilidade".

Caso contrário, "se não bastasse a instabilidade que existe a nível nacional, e a ver o que serão os resultados das eleições europeias que também estão aí à porta (decorrem a 9 de Junho) e que serão as quartas eleições em poucos meses, tornando este ciclo um verdadeiro massacre, estaremos a passar de eleição em eleição, apenas com políticas eleitoralistas, sem medidas de facto relevantes e de governação que se consiga uma evolução e uma estabilidade sem a qual não se consegue os resultados sustentáveis", analisa.