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Editorial

Agora é com os eleitos

Nas últimas semanas, a incerteza ganhou lastro, resultante da convicção que o tempo das maiorias absolutas acabou e das consequências para o PSD-M do desgaste causado pelo “poder viciante” e pelas investigações judiciais por suspeitas de corrupção que atingiram a cúpula de um partido fragmentado.

Uma incerteza que o acto eleitoral confirmou, em linha com as principais tendências reveladas na sondagem encomendada pelo DIÁRIO e TSF à Aximage. Ontem, para além da dispersão de votos pelas 14 candidaturas, agigantou-se a dificuldade em desenhar desde logo a governabilidade futura da Região num contexto em que as coligações pós-eleitorais, os acordos de incidência parlamentar ou os entendimentos de circunstância se afiguram como incontornáveis. 

Não foram poucos os que na campanha foram pedindo mudança e nova aragem democrática, mas, com excepção do JPP, não conseguiram capitalizar o voto de protesto, a insatisfação decorrente dos problemas de vária ordem que se arrastam e as promessas fáceis, embora simultaneamente perversas. Nunca foi tão fácil ganhar aos social-democratas, mas o resultado de ontem mostra que o eleitorado soberano, e cada vez mais exigente, não alinha facilmente em cantigas e generalidades, em obsessões doentias e caprichos pessoais. Premeia quem optou por escrutinar e focar-se em medidas que a todos tocam, mas revelou-se intolerante em relação aos que afrontam a Autonomia, abomina os que atentam contra a inteligência e desconfia dos partidos sem quadros capazes de se afirmarem como alternativa de poder. Por isso, não ousa embarcar em novas aventuras.

As dúvidas vieram para ficar numa Região ainda pouco habituada a pensar no dia seguinte e nas consequências das opções. Contudo, quem votou deixa o futuro nas mãos do eleitos, na esperança de não voltar a ser incomodado dentro de seis meses, o que implica maturidade dos políticos de todas as frentes e compromisso em função das grandes causas. Cabe a quem ganhou as eleições, por números que surpreendem os que tinham baixas expectativas, traçar um rumo para o futuro, com mais sabedoria, humildade e altruísmo do que palpite, arrogância e umbiguismo. Tem a palavra, outra vez, Albuquerque. Mas não só.