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Ilha cabo-verdiana do Fogo sem voos internos queixa-se de prejuízos

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Foto Shutterstock

A ilha cabo-verdiana do Fogo está desde domingo sem voos domésticos, com prejuízos para a atividade económica e para os cerca de 35.000 habitantes, disse hoje o presidente do município de São Filipe.

A Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) dispõe de dois aviões para os voos internos, mas aquele que faz ligações diárias ao Fogo está parado desde segunda-feira, devido a uma avaria, prevendo-se que volte a voar no sábado.

"A situação é preocupante", afirmou Nuías Silva, em conferência de imprensa, responsabilizando o Governo por uma situação "caótica" nos transportes interilhas, passados anos sem soluções, acusando-o de "falta de vontade política" para resolver o problema.

Segundo o autarca, o próprio ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, teve de cancelar a presença em eventos na ilha, por falta de voos.

O desenvolvimento económico está em causa, com visitas de turistas e emigrantes canceladas -- Cabo Verde tem uma forte diáspora, de cerca de 1,5 milhões de pessoas, o triplo da população das ilhas.

Acresce ao cenário o risco que se coloca para eventuais situações de emergência, referiu.

"É impossível desenvolver uma ilha ou uma região com os problemas que temos nos transportes", afirmou o presidente da Câmara de São Filipe, o principal município da "ilha do vulcão", atração turística que entrou em erupção, pela última vez, há 10 anos.

O Governo ordenou à Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV, voos internacionais) que salvasse as ligações interilhas, em fevereiro, face às falhas da concessionária Bestfly, que abandonou a operação por falta de aviões.

No entanto, das duas aeronaves que a TACV alugou para voos domésticos, aquela que pode aterrar em pistas mais curtas (como as das ilhas do Fogo, Maio e São Nicolau) está avariada desde segunda-feira, explicou à Lusa fonte da companhia, indicando que a peça que faltava para a reparação já chegou ao arquipélago.

Prevê-se que o avião volte a voar no sábado e a companhia pretende repor alguns dos voos cancelados, sempre dentro de limitações, por estar totalmente dependente de duas aeronaves e por haver pistas que não permitem voos noturnos, entre outras condicionantes.

Agências de viagens cabo-verdianas disseram à Lusa, na quinta-feira, que apesar de as ligações interilhas terem melhorado com a entrada da TACV, continua a haver vários cancelamentos que prejudicam a atividade.

Cabo Verde tem dificuldades crónicas em suportar o serviço público de voos internos.

O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já reconheceu este mês que a situação só será sanada com mais aviões, adaptados a cada ilha, que espera venham a estar à disposição de uma nova companhia aérea estatal, a criar até final do ano, dedicada somente às ligações interilhas.