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Regionais 2024 Madeira

BE diz que "poder do PSD foi longe demais" e apela à mudança

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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, afirmou hoje que "o poder do PSD foi longe demais" na Região Autónoma da Madeira e apelou ao voto no seu partido para trazer mudança com "gente de confiança".

"O poder do PSD foi longe demais, foi longe demais. Nenhum partido, nenhum presidente de Governo Regional devia ter tanto poder. Nenhum partido devia ter o poder de dizer: 'Tu ganhas, tu perdes. Tu tens emprego, tu não tens. Tu tens oportunidade, tu não tens. Tu fazes negócio, tu não fazes'", afirmou Mariana Mortágua, no encerramento da campanha às eleições regionais da Madeira, após uma arruada pelas ruas do Funchal.

Acompanhada do cabeça de lista do BE às eleições antecipadas de domingo, Roberto Almada, a coordenadora do Bloco criticou os 48 anos de governação do PSD na Madeira, atualmente sobre liderança de Miguel Albuquerque: "nenhum partido devia ter o poder de dizer: 'Cala-te, tem medo, não fales, não penses diferente'. Esse é um poder que nenhum partido devia nem pode ter".

"Se o Albuquerque não tem juízo, trabalhas mais do que é preciso, vota no Roberto, vota no Roberto. É para votar, é para votar, para isto mudar", cantou a comitiva do BE, numa adaptação da música "O corpo é que paga", de António Variações.

Com cerca de três dezenas de apoiantes e militantes, com bandeiras do partido e da comunidade LGBTQIAP+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais e outras orientações sexuais e identidades de género), a caravana do BE gritou ainda: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e "É esquerda, é bloco, é Bloco de Esquerda".

Num discurso de cerca de 12 minutos, Mariana Mortágua afirmou que a coerência do Bloco de Esquerda "é maior arma" que o partido apresenta nestas eleições, criticando os partidos de oposição, designadamente, PAN, PS, PSD e Chega.

"Coerência é dizer uma coisa antes e fazer a mesma coisa depois. Não é dizer uma coisa e fazer outra. E, por isso, criticamos quem trocou as suas causas por um lugar de poder, por um acordo de poder, como fez o PAN aqui na Madeira nas últimas eleições", acusou a coordenadora do BE.

Quanto aos socialistas, a bloquista considerou que o PS devia explicar "porque é que promete na Madeira uma coisa e faz outra quando está no Governo da República, porque é que promete uma coisa aqui e propõe outra na Assembleia da República"

Já o PSD tem de explicar "porque é que o 'não é não' não vale nada quando aterra na Madeira e aí já pode haver acordos com a extrema-direita, aí já pode haver acordos com o Chega", referiu.

"Miguel Albuquerque quer um acordo com o Chega e o Chega quer um acordo com Miguel Albuquerque", sublinhou a coordenadora do BE, lembrando o pedido do presidente do Chega, André Ventura, a Albuquerque para que fosse "máximo coordenador e representante político" da sua candidatura às eleições presidências.

A bloquista reforçou que o BE/Madeira "sempre denunciou o PSD/Madeira" quanto a negócios suspeitos e avisou que "o Chega não quer saber nada sobre corrupção", porque "o Chega sabia dos negócios dentro do PSD/Madeira, o Chega na Madeira era o PSD/Madeira".

Mariana Mortágua apelou ao voto no BE como "um voto que castiga Miguel Albuquerque, o voto que castiga o PSD/Madeira", destacando a luta do seu partido em várias áreas, desde o ambiente à habitação.

"Só esta gente pode ser a mudança, porque esta gente sabe qual é o compromisso com o povo", expôs.

Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.