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Fact Check Madeira

Corte de árvores na Feira Agropecuária teve parecer positivo?

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O Governo Regional decidiu efectuar recentemente uma renovação no perímetro do espaço onde habitualmente decorre a Feira Agropecuária do Porto Moniz. A requalificação surge depois de um incêndio, registado em Outubro de 2023, ter causado prejuízos nos pavilhões e também ter atingido parte do manto arbóreo que ali crescia. 

No entanto, um leitor atento fez chegar ao DIÁRIO imagens dos trabalhos de corte de árvores colocando em dúvida se as mesmas tiveram parecer positivo para o respectivo abate. Ainda na mesma comunicação o ilustre leitor questiona o procedimento que terá destruído alguns dos pavilhões. Ora, o DIÁRIO resolveu apurar a denúncia.

Num documento a que o tivemos acesso, verifica-se que o Instituto de Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) deferiu o pedido solicitado pela direcção regional de Agricultura dando instruções claras e específicas para os procedimentos a terem em conta, uma autorização que aconteceu depois de os técnicos terem vistoriado o local e assinalado os exemplares que apresentavam maior insegurança.

No mesmo ofício lê-se que os despojos lenhosos deveriam ser retirados do local sublinhando que não deveriam ficar amontoados nem enterrados. Os trabalhos de abate deveriam ter ainda em consideração a presença de um polícia florestal [mestre] que seria destacado no dia do corte para respectivo acompanhamento.

Não foi possível concluir se a queda das árvores atingiram os pavilhões que estavam debaixo mas é crível que assim tivesse sido aumentando a factura dos prejuízos num espaço que mereceu investimentos governamentais. Sabe-se, isso sim, que esses stands custaram mais de 100 mil euros e foram instalados em 2020.

Em 2018, numa visita à Santa do Porto Moniz, o antigo secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Rural chegou a afirmar que o governo investira mais 600 mil euros na renovação do espaço. Tudo para dotar a infra-estrutura de melhores condições aos produtores e visitantes bem diferente daquilo que foi.

A Feira do Gado nasceu em 1956 como uma exposição de gado bovino, tendo anos mais tarde, em 1962, aberto as portas também ao gado caprino. Entretanto, a partir da década de 80, a feira alargou o âmbito de acção passando a abranger também as actividades agrícolas.

O evento, o principal da Região na área das actividades agrícolas e de criação de gado, dá a possibilidade aos produtores de divulgarem o seu trabalho de comercializarem alguns produtos.

Com esta nova intervenção, a própria secretaria regional do Ambiente destaca que têm sido realizados trabalhos no pavimento e está prevista a intervenção na área de recolha de animais também afectado pelos incêndios. Prevê igualmente a reposição dos stands também danificados “mas pelas formalidades da contratação pública com toda a probabilidade será necessário a colocação de stands temporários semelhantes aos que são utilizados noutros eventos”.

A esta distância adianta que a edição [12, 13 e 14 de Julho] deste ano da Feira contará com a participação de todas as associações dos sectores agricultura e pecuária.

Uma zona de culto

Está programado também a criação de um recinto para culto religioso em honra a Santa Madalena, padroeira do Porto Moniz bem como zonas de lazer pelo interesse em criar condições para usufruto durante todo o ano daquele recinto.

Junto ao Posto Florestal será melhorada a área de campismo e está prevista a intervenção no viveiro florestal, um importante espaço de renovação das espécies arbóreas. Por fim, ficamos a saber que será melhorada a ligação até a Estação Zootécnica e neste certame haverá um circuito com comboio turístico.

O Instituto de Florestas e Conservação da Natureza deferiu o pedido da direcção regional de Agricultura mas deixou orientações claras e precisas