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Madeira

Clube Barbusano alerta para invasoras, com destaque para a bananilha

Foto DR/IFCN-RAM
Foto DR/IFCN-RAM

O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, no âmbito da 28.ª edição da Semana dos Clubes, Núcleos e Projetos, realizou uma saída de campo no passado sábado, dia 18 de Maio, onde puderam constatar, não só a beleza das plantas indígenas, mas sobretudo a preocupação com as espécies invasoras, entre as quais acácias, eucaliptos, giestas, carquejas, mas sobretudo uma que tem sido cada vez mais problemática, a bananilha, cuja beleza engana, mas tem gerado forte preocupação pela sua capacidade de se espalhar.

Fica aqui na 'primeira pessoa' o relato do passeio ecológico e as impressões retiradas:

"O percurso teve início no Paul da Serra, na zona do Fanal, incluiu a Levada dos Cedros e terminou no Curral Falso. Os mais corajosos seguiram o trajeto das águas da levada, descendo a vereda até ao núcleo populacional principal da Ribeira da Janela.

O percurso até ao Paul da Serra fez-se pela encosta Sul, com passagem pelo concelho da Ponta do Sol. Na zona alta da freguesia dos Canhas, depois do povoado, os terrenos encontravam-se infestados por acácias e eucaliptos, e próximo do planalto, observámos um “giestal de altitude”. Duas situações problemáticas que requerem uma atenção redobrada na medida em que constituem uma ameaça ao Urzal de Altitude e à contígua floresta Laurissilva.

No planalto, infelizmente, muita área também está dominada por giestas e carquejas, ameaçando a vegetação nativa desta zona. No caminho para o Fanal, as plantas invasoras iam, gradualmente, dando lugar às plantas indígenas, com destaque para as urzes e faias, observando-se igualmente loureiros e folhados. A copa das urzes apresentava um prateado lindíssimo, pelas gotas de água que pendiam das suas pequenas folhas. A descida para a Levada dos Cedros fez-se sob os ramos das urzes e das uveiras da serra, erguendo-se ao alto as faias, os folhados e os loureiros.

Chegados à Levada dos Cedros, dirigimo-nos para a sua “madre”. Aí, encontrámos uma ribeira de águas límpidas, em cujas margens foi possível observar plantas características destes habitats, como os alindres e sabugueiros, mas também gerânios, erva-coelho, alegra-campos, orquídeas e fetos. Este local paradisíaco encontra-se sob uma copa de tis, loureiros, faias das ilhas e folhados. De regresso à levada e ao longo desta, todo o trajeto foi feito sob a vegetação nativa. Os troncos dos arbustos e árvores encontram-se cobertos de musgos, engalanados por cogumelos e o solo apresenta-se coberto por musgos e pela abundante hera-terreste. Algures na levada, fomos presenteados com um belo miradouro, lugar onde tivemos a companhia de tentilhões, pássaros que não devemos alimentar para a sua salvaguarda. Constatámos aqui algumas giestas invasoras, que deveriam ser eliminadas.

A reta final da saída de campo consistiu na descida do Curral Falso para a Ribeira da Janela, ao longo da vereda com o mesmo nome. Trata-se de um trajeto íngreme, debaixo de uma copa de vegetação nativa. É preocupante o facto de encontrarmos pequenos núcleos de bananilhas, mas também de brincos-de-princesa, plantas invasoras que conjuntamente com outras deveriam ser eliminadas, se quisermos preservar o património natural nativo e, com isso, garantir o nosso futuro."