Drama do eleitorado

Provavelmente, o próximo ato eleitoral deve ser dos mais complicados para a grande parte dos eleitores madeirenses, relativamente à sua decisão de voto, ouseja, em saber em quem vai votar.

A poucos dias das eleições temos quase a certeza de que a esmagadora maioria dos cidadãos que costuma ir às urnas, está confusa, indecisa , por conseguinte, sem opinião formada quanto à pessoa ou ao partido em quem votar.

Claro que, não entram nesta linha de conta, aqueles que vêem os partidos, como os seus clubes de futebol e os respetivos candidatos os seus jogadores de eleição.

Mas para os eleitores conscenciosos , responsáveis , que dão a real importância à força que um voto possui e o que ele pode trazer de bom ou de mau , caso não caia nas pessoas ou partidos certos , o próximo ato eleitoral - talvez como nenhum outro antes - é de uma tremenda responsabilidade.

E tudo isto porquê?

Exatamente porque os principais candidatos dos dois maiores partidos regionais perderam profunda credibilidade perante o eleitorado pelas razões sobejamente conhecidas, embora lastimavelmente ainda indefenidas, mas que não deixam de preocupar quem sente a obrigação de dar o seu voto.

O que esperamos, muito sinceramente, é que destas eleições não saia -permitam-me a expressão - mais uma “saca de gatos “ como a que está na Assembleia da Republica , onde, por vezes, se arranham uns com os outros, outras vezes se lambem, se juntam , se afastam. uns só vêem motivos para criticar, outros não são governo mas querem mandar e o governo que é governo anda para ali a tentar aguentar as pontas até que uma delas se parta e o governo que é o governo não se aguente e caia.

Esperamos que não aconteça cá, mas pelo andar da carruagem tudo leva a crer que sim.

Sente-se pela parte das pessoas um desinteresse, um sentimento de frustração, um desacreditar na política e nos politicos, que nem a musica da campanha eleitoral as alegra e os cartazes com todas aquelas promessas e ofertas as atrai.

E de certo modo com razão. As pessoas ao sairem de casa para irem às urnas não o fazem com a intenção de satisfazer ambições, vaidades ou interesses pessoais, mas de escolher pessoas interessadas em defender os interesses da Madeira e, consequentemente, o seu presente e o seu futuro. O presente e o futuro de todos nós.

E, valha a verdade, há certos senhores e senhoras que, pelas suas ações e pelo modo como falam deixam a ideia que o importante é chegarem ao Poder, é serem eleitos . E isso, acreditem, são um contributo muito grande, para a abstenção, votos nulos e, pior ainda, dar força a partidos, cujas ideologias não se compatibilizam com o tipo de sociedade que desejamos ou ambionamos.

É também incompreensivel que, ao cabo de 50 anos não sejamos capazes de inovar, de mudar, de alterar o sistema, envelhecido e abusivo, das campanhas eleitorais, do tudo prometer para depois pouco ou nada dar, se bem que, por vezes, não é dado porque Lisboa não quer, não satisfaz a tempo e horas com os seus deveres e compromissos.

Contudo, porém, Já aqui o dissemos várias vezes e não nos cansamos de repetir. Toda a gente tem direito à vida, a viver confortavelmente, a ter as várias oportunidades que essa mesma vida oferece, só que nem todos têm o direito de serem governantes de um País ou de uma Terra por mais pequena que seja, de serem Presidentes, Ministros, Secretários ou Deputados, uns por falta de experiência e conhecimentos, em resumo de competência, outros, infelizmente, por carencia de idoneidade, de sensatez e sentido de responsabilidade, já provadas noutras ocasiões.

É lamentavel que, muita gente não tenha a consciência exata do seu valor, não possua a humildade de reconhecer a sua incapacidade para desempenhar funções que requer atributos que não possuem.

E isto não se passa só na Madeira e nos Açores. No continente ainda é muito pior. E o mais caricato e intoleravel, é quando vimos e ouvimos certos senhores e senhoras que vêm de lá para cá, cheios de sabedoria, apontar os errros e as carências existentes na Madeira, quando os têm em maior quantidade e gravidade em todo o País e que são incapazes de corrigi-los, de lhes pôr fim.

Chega a ser o cúmulo da insensatez, da hipocrisia e do ridiculo, díriamos, politico.

Vamos aguardar com serenidade o resultado deste ato eleitoral e pedir a Deus o discernimento dos nossos eleitores de modo que, repetimos, não tenhamos de assistir no futuro próximo na Madeira o que tristemente se verifica em Lisboa.

Todos os partidos concorrentes merecem o nosso respeito, a sua presença na Assembleia é indispensavel, mas os que não têm bases para governar, se tiverem força a mais, complicam mais do que ajudam os que querem governar com estabilidade.

Que a Assembleia da República nos sirva de lição.

Que a Madeira saia vencedora com um Governo só ou acompanhado, que possa dirigir os destinos da Região no sentido do progresso, com lisura, respeito pelas Leis, em defesa do povo madeirense, evitando ao máximo as desigualdades sociais, diminuindo a pobreza, promovendo mais emprego e colmatando as necessidades prementes.

Para isso a Madeira tem que ter à frente dos seus destinos homens e mulheres, para além de capacitados, dispostos a porem à frente do seu bem -estar, os interesses da nossa terra e, consequentemente, das nossas populações.

Juvenal Pereira