PS disponível para entendimentos excepto com PSD e Chega
O PS/Madeira está disponível para entendimentos com outros partidos para formar governo após as eleições de domingo, mas excluindo o PSD e o Chega, disse hoje o cabeça de lista socialista às regionais antecipadas, Paulo Cafôfo.
"Temos de estar disponíveis para o diálogo com todas as forças políticas, menos o PSD e o Chega", afirmou Paulo Cafôfo aos jornalistas, em Câmara de Lobos, depois de a caravana da candidatura às eleições regionais antecipadas ter percorrido vários concelhos da ilha da Madeira.
O também líder do PS madeirense, o maior partido da oposição regional (tem 11 deputados num universo de 47 no parlamento insular) insistiu que, nas eleições de domingo, "a perspetiva é não existirem maiorias absolutas", sendo os socialistas os únicos que podem disputar a presidência do Governo Regional com o social-democrata Miguel Albuquerque, que chefia o executivo desde 2015.
Insistindo que o PS "não vai dar a mão ao PSD", nem " vai dialogar nunca" com o Chega, que considerou ser "um partido anti autonomista e extremista", o candidato socialista assegurou que, "fora isso", o PS está disponível para "um diálogo pela Madeira" no dia a seguir às eleições, para haver "uma convergência para formar governo" e que permita "acabar com estes 48 anos do mesmo poder" na região.
Paulo Cafofo reiterou ainda as críticas aos líderes nacional e regional do Chega, André Ventura e Miguel Castro, respetivamente, que, "apesar dos avanços e recuos", já manifestaram disponibilidade para acordos com o PSD.
"O líder regional já disse também que não fecha as portas ao PSD, que estão bem escancaradas, porque Miguel Albuquerque [líder do PSD/Madeira e presidente demissionário do Governo Regional] já disse que não tem linhas vermelhas com o Chega ou com qualquer partido, desde que seja para se manter no poder, eu diria, para salvar a sua pele", argumentou.
Para o PS, reafirmou, "as linhas proibidas são mesmo com o PSD e o Chega".
Contudo, até domingo é prematuro "estar em diálogos e conversações", já que não se sabe "qual será o peso eleitoral de todos os partidos", acrescentou.
"Portanto, vamos aguardar com toda a responsabilidade", sublinhou, recordando que tem "já experiência em 'geringonças', na Câmara do Funchal, que foi a primeira geringonça que se formou, em 2013".
O cabeça de lista do PS salientou também que "a garantia de estabilidade não está no PSD", lembrando que foi Miguel Albuquerque que desencadeou a crise política na Madeira que levou à convocação de eleições antecipadas, com o presidente do Governo Regional a demitir-se "aos solavancos", em vésperas da discussão e aprovação do Orçamento Regional para 2024.
"A própria instabilidade também está dentro do PSD", disse, referindo-se às últimas eleições internas do PSD, em março, que "partiram o partido a meio" e provocaram "saneamentos e, inclusive, a demissão do chefe de gabinete de Albuquerque"
"A instabilidade está toda em Miguel Albuquerque e no PSD", reforçou, contrapondo que o "PS está coeso" e tem um projeto de governo, os problemas bem identificados e soluções para os resolver.
As legislativas de domingo na Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco, o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.