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Sánchez garante que tem governo e família "limpos" de corrupção

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O primeiro-ministro espanhol garantiu hoje que lidera um governo "limpo" de corrupção e que a atividade profissional da mulher "é honesta", na primeira declaração no parlamento após ser conhecido o caso judicial que envolve a sua esposa.

"A única coisa que há é lodo", disse o socialista Pedro Sánchez, que voltou a acusar o Partido Popular (PP, direita) e o Vox (extrema-direita) de levarem para o debate político informações manipuladas, mentiras e boatos das redes sociais que depois associações extremistas judicializam, apresentando queixas na justiça.

"É a máquina de lodo do senhor Feijóo e do senhor Abascal", afirmou, no plenário do parlamento espanhol, referindo-se aos líderes do PP, Alberto Núñez Feijóo, e do Vox, Santiago Abascal.

Sánchez disse ter a certeza de que em breve a justiça arquivará as queixas que rganizações ligadas à extrema-direita apresentaram contra a sua mulher, Begoña Gomez, por alegado tráfico de influências e corrupção.

As queixas "não dão sequer" para notificar Begoña Gomez como testemunha, argumentou Sánchez, que garantiu que a atividade profissional da mulher é "honesta, séria e responsável" e sublinhou que já por duas vezes o organismo público competente se pronunciou pela inexistência de conflitos de interesses neste caso.

Sánchez disse ainda que tanto ele próprio como a mulher estão disponíveis e até "encantados" de declarar na comissão de inquérito criada pelo PP no Senado espanhol sobre suspeitas de corrupção no governo, se a oposição os chamar.

O primeiro-ministro espanhol afirmou que também o Governo que lidera "está limpo".

Um tribunal de Madrid revelou em 24 de abril a abertura de um "inquérito preliminar" por alegado tráfico de influências e corrupção de Begoña Gomez, na sequência de uma queixa de uma organização conotada com a extrema-direita baseada em alegações e artigos publicados em páginas na Internet e meios de comunicação digitais.

O Ministério Público pediu no dia seguinte o arquivamento da queixa, por considerar não haver indícios de delito que justifiquem a abertura de um procedimento penal.

Estão em causa ligações da mulher de Pedro Sánchez a empresas privadas, como a companhia aérea Air Europa, que receberam apoios públicos durante a crise da pandemia de covid-19 ou assinaram contratos com o Estado quando o marido era já primeiro-ministro.

Sánchez, que está à frente do Governo espanhol desde 2018, tem também sido atacado por causa de uma investigação judicial a um assessor de um ex-ministro socialista que alegadamente cobrou comissões ilegais a vender máscaras durante a pandemia a entidades públicas, incluindo governos regionais então nas mãos do Partido Socialista (PSOE).

Este caso levou à criação de comissões de inquérito no parlamento (tanto no Congresso dos Deputados como no Senado), apoiadas pelos socialistas, cujos trabalhos arrancaram em meados de abril.

Sánchez falou hoje pela primeira vez no plenário dos deputados sobre o caso que envolve a mulher, a pedido do PP.

Foi também a primeira vez que falou no parlamento depois de ter revelado que ponderava demitir-se, em 24 de abril, no dia em que foi confirmada a abertura do inquérito judicial que envolve Begoña Gómez.

Sánchez disse que ponderava deixar o cargo por causa da "máquina de lodo" da direita e extrema-direita, afirmando-se vítima, ele a mulher, há anos, de campanhas de desinformação e boatos. Passados cinco dias, disse que continuaria no cargo.

No debate de hoje no parlamento, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, pediu a Sánchez para deixar de se vitimizar e dar "explicações claras" sobre a atividade profissional da mulher.