O pecado perdoa-se, a corrupção não

O exemplo parte do Governo e a réplica alastra a todas as estruturas do poder autárquico.

Constata-se falta de líderes com reconhecido carisma, com passados pessoais e profissionais de excelência, homens e mulheres unanimemente respeitados.

O poder democrático local não goza de boa saúde. Há autarcas esquecidos da sua condição de mandatários do poder popular e transformados em mandantes ao serviço de interesses privados e pouco claros.

Existem crânios que se julgam os maiores. Quem pensa e age de modo contrário ao seu está errado, é banido, não serve. Há pessoas que vieram ao mundo com a moleira estragada e a falta de massa encefálica operacional leva-as à prestação de tesourinhos deprimentes. Em matéria de narcisismo estão a níveis estratosféricos.

Há personagens que são autênticas caricaturas, cúmplices do amiguismo, do tráfico de influências, de hordas de mentirosos, traidores e bajuladores sem escrúpulos. Vivemos tempos de formatação do indivíduo que é nivelado por baixo, através da prevalência do pensamento único. O sentido de humor, o sentido crítico, a inteligência são qualidades preteridas pela estupidez, ignorância saloia e imbecilidade. E são destas criaturas que se passeiam de instituição em instituição com câmara fotográfica ou televisiva, microfones ou blocos de notas para alimentarem parte dos noticiários ou jornais.

A credibilidade dos políticos está pelas ruas da amargura. Sucessivos escândalos instalaram uma suspeição de corrupção generalizada nas Câmaras e no Governo com casos recorrentes. Para os políticos é tudo trinta e um de boca. Haverá algum verdadeiramente interessado em resolver os problemas que afectam o nosso povo? O povo que os ricos não vêem e os governantes exploram até à exaustão?

Um povo que escolhe corruptos, inúteis e traidores não é vítima. É cúmplice.

O pior das eleições do próximo Domingo é que pode não mudar nada. E não há nada que esteja mal que não passa piorar um pouco...

“O pecado perdoa-se. A corrupção não” (Papa Francisco).

Madalena Castro