CDU luta pelo direito à rede de esgotos nas zonas altas da ilha
O cabeça de lista da CDU (PCP/PEV) às eleições regionais da Madeira, Edgar Silva, fez hoje campanha no Garachico, em Câmara de Lobos, onde lutou por "esgotos já" e alertou para o subdesenvolvimento nas zonas altas da ilha.
"São milhares de pessoas que não têm acesso à rede de saneamento básico. Então, se isso está a acontecer, não é por falta de dinheiro, é porque os dinheiros públicos, os milhões que vieram da União Europeia, milhões e milhões do orçamento regional foram desviados para outras finalidades, deixando para trás urgências, prioridades quanto estas, sentidas pelo povo, sentidas pelas populações destas ultraperiferias, destas zonas onde o subdesenvolvimento é brutal", afirmou o candidato, também coordenador da CDU e do Partido Comunista Português na Madeira.
Concentrando-se à beira da estrada junto à igreja de Garachico, no Estreito de Câmara de Lobos, com vista até ao Funchal, a caravana da CDU esteve de microfone aberto a ecoar pelas ruas a luta pelo saneamento básico, com o cabeça de lista a sublinhar a situação de "esgotos a céu aberto, com mau cheiro que dá a volta às tripas", e a necessidade de "fazer da revolta no voto a força da CDU".
"Agora e sempre, a CDU está presente", "CDU, voto eu e votas tu" e "basta de injustiças" foram algumas das frases gritadas pela comitiva de cerca de três dezenas de apoiantes da coligação PCP/PEV, que lembraram também que as eleições são já no domingo.
Em declarações à agência Lusa, Edgar Silva reforçou que no Garachico "faltam investimentos em coisas tão primárias e indispensáveis quanto o direito à rede de esgotos", referindo que as pessoas têm de fazer toda a descarga "ou para a levada ou para os ribeiros", o que representa "um gravíssimo problema de saúde pública".
"É um sinal claro de subdesenvolvimento que marca, sobretudo, também aquela que é a realidade das grandes desigualdades que marcam esta região, onde lá em baixo para os turistas no centro do Funchal, no centro de Câmara de Lobos, está tudo preparado, um cenário bonitinho para turista, mas aqui onde vivem as pessoas é o vómito pelos esgotos que correm", descreveu, salientando que esta situação afeta as zonas altas da ilha da Madeira.
Questionado sobre a importância de uma mudança após 48 anos de governação do PSD no arquipélago, o comunista disse que é preciso reforçar as forças políticas que lutam pelas "justas reivindicações do povo" e defendeu "uma redefinição de prioridades para o desenvolvimento regional".
"Deputados que tenham este compromisso com aqueles que têm fome e sede de justiça, infelizmente ou é a CDU ou esse compromisso não aparece no parlamento", frisou, apelando ao voto para "dar mais força à CDU", que nas últimas eleições regionais, em setembro de 2023, conseguiu um mandato.
Edgar Silva afirmou ainda que "a grande maioria dos partidos com assento parlamentar na Madeira tem outros interesses, está mais ligado aos grandes grupos económicos".
Questionado sobre um possível apoio ao PS para formar governo, o cabeça de lista da CDU respondeu com uma nova pergunta, mas adiantando-se na resposta: "Mas, acredita que o PS vai crescer, vai ter votos para poder ter esse objetivo? Não vai. O PS está em quebra, o PS está em queda, o PS está em erosão eleitoral".
Quanto a um entendimento com o Juntos Pelo Povo (JPP), que quer passar de terceira a segunda força política mais votada, Edgar Silva remeteu para o pós-eleições: "Vamos a ver, vamos ver".
Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta, com 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto CDU, IL, PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e BE obtiveram um mandato cada.