DNOTICIAS.PT
Artigos

A nova ordem mundial

Luís Montenegro, aprendiz de filósofo não estava preparado para assumir o papel de 1.º Ministro. Denota-o pelo seu tom jocoso e arrogante, acentuando o ênfase no discurso como quem quer convencer os portugueses a todo o custo e convencer-se a si próprio. Mostra-se impreparado quando, com poucos dias de mandato, começa a desculpar-se nas medidas do Governo anterior e até chega ao ridículo de afirmar que o PS de Nuno Santos está a dar “colinho” ao Chega. Talvez para fugir às promessas de aumentos salariais e pensões de reforma que fez na sua campanha eleitoral, já se desculpa que o excedente orçamental de 2023, de 1,3% do PIB (cerca de 3.000 milhões de euros, avaliação feita por todas as agências de rating, afinal já não é bem assim porque ele fez as contas e baixa-o para 0,2% do PIB (cerca de 664 milhões) o que lhe faz muito jeito para tentar esbater a contestação social e travar as reivindicações das classes profissionais, professores, oficiais de justiça, médicos e enfermeiros, forças de segurança, salários médios e mínimos ou ainda travar a abolição das portagens e das scut. Se as finanças públicas estão como ele afirma torna-se incompreensível que não tenha levado o orçamento retificativo para 2024, ao Parlamento.

Mostra-se impreparado quando sabe que, por ter um Governo minoritário, precisa de gerar consensos com a oposição mas começa por demitir do cargo a provedora da Santa Casa da Misericórdia, Ana Jorge. Não me choca que pudesse haver danos por má gestão – já é usual - mas o timing da demissão cheira a saneamento político. O único ponto a seu favor foi ter conseguido o consenso para a implantação do novo aeroporto em Alcochete, embora os estudos e a aprovação já viessem do Governo anterior. Resta saber se ainda haverá tempo para ser aprovado na AR. E por falar em Assembleia da República, acho que o seu presidente, Aguiar Branco, pela sua prepotência, arrisca-se ao chumbo quando precisar de recorrer ao plenário da mesma.

Mostra-se impreparado quando designa para cabeça-de-lista às eleições europeias, pela AD, um “tesourinho deprimente” chamado Sebastião Bugalho, aprendiz de jornalista e iniciante de política, com visões mirabolantes do papel do Parlamento Europeu no Mundo mas aceita ser primeiro da lista. Ainda assim, diz que não olha para a Europa como ambição pessoal nem destino de carreira. Que “bugalhada” ter que aturar Bruxelas durante cinco anos! Talvez por querer afirmar-se no debate político não dá azo ao contraditório e fala mais alto para dizer que a bandeira portuguesa tem sete quinas acrescentando um chorrilho de disparates que fazem corar as pedras da calçada. Enfim, uma quimera que se diz defensor do jornalismo como pilar da democracia mas envergonha a classe. É destes cromos que a AD escolhe para representar Portugal na Europa? Por estas e outras estou convicto que Montenegro não podia começar de pior maneira o seu mandato, a prazo.

Para acentuar as agruras deste país o nosso Presidente da República, talvez toldado pelo caso das gémeas, diz não estar caquético mas os seus atos e palavras demonstram que está a sofrer de alguma patologia nestes últimos anos de mandato, quando afirma que Portugal deveria “reparar” o mal feito às ex-colónias portuguesas, dando palco ao polémico André Ventura, para espalhar o seu sofisma e acusá-lo de traição à Pátria (ou seria atentado à Constituição?) de qualquer modo, acho uma acusação muito forte, poderia quedar-se por propor uma avaliação de saúde mental. Juntar-se-ia o útil ao agradável se o “Dr. Nuno” fosse psicólogo. Já agora, aproveitava a consulta para o cabeça-de-lista do Chega às europeias, Tânger Corrêa, para explicar detalhadamente o que é que entende por uma nova ordem mundial. Não percebi se ele se refere à teoria da conspiração que certas elites e governos defendem de um Governo totalitário ou se preconiza uma teoria própria saída da sua cabeça oca. Por mim acredito que “The New World Order” chegará, sim, quando o povo, oprimido pelo custo de vida, optar por abdicar de direitos, liberdades e garantias por troca de subsídios – chamadas esmolas - por já não acreditarem em empresários gananciosos e políticos corruptos.

Faltam 5 dias para as eleições regionais e as promessas dos políticos multiplicam-se como cogumelos em tempo chuvoso. São tantas e tão irresponsáveis que os madeirenses estão atónitos e até já pensam que são tratados por atrasadinhos mentais, ou se a Madeira descobriu petróleo ou gás natural, para satisfazer tantas promessas. Lembra-me o programa “Isto é gozar com quem trabalha” ou seja, gozar com quem anseia e clama um melhor nível de vida para si e para a suas famílias.