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Brasil diz que países do G20 precisam aumentar investimentos em mudanças climáticas

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Foto AFP

Discussão ganhou maior relevância face fenómenos climáticos extremos, entre os quais as inundações no Sul do Brasil

O Brasil defendeu, esta segunda-feira, que os países do G20 têm claro o diagnóstico das mudanças climáticas e precisam aumentar o investimento de "milhões para biliões" de dólares para enfrentar esses desafios.

"Há muitos anos que debatemos qual é o montante de dinheiro necessário para enfrentar os desafios do clima e do desenvolvimento e é por isso que sabemos que temos de passar de milhares de milhões para biliões", disse a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda do Brasil, citada pela Efe, durante um encontro de diretores de bancos de desenvolvimento.

Tatiana Rosito fez o diagnóstico na abertura de um encontro realizado no Rio de Janeiro pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) do Brasil, em parceria com a presidência brasileira do G20, a rede global Finance in Common (FiCS) e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).

Segundo a representante do Governo brasileiro, os países do G20 estão conscientes de que também precisam de distribuir melhor estes recursos, uma responsabilidade que tem de unir instituições globais, nacionais, regionais e locais, bem como a iniciativa privada, "para atingir a escala" necessária.

Tatiana Rosito afirmou que a discussão ganhou maior relevância face a diversos fenómenos climáticos extremos devastadores em todo o planeta, entre os quais as inundações no sul do Brasil que causaram 158 mortos e cerca de 2,3 milhões de desabrigados.

A responsável afirmou que uma das prioridades do G20 é adotar mecanismos que facilitem o acesso dos países que mais necessitam de recursos aos fundos climáticos multilaterais, como o Fundo Verde para o Clima e os Fundos de Investimento Climático.

"Permitir que os recursos sejam disponibilizados de forma eficaz e mais rápida é crucial para a mobilização que precisamos de implementar e também para atrair capital privado", declarou.

O francês Remy Rioux, diretor da FiCS, afirmou que a banca de desenvolvimento é a mais adequada para financiar o investimento na mitigação das alterações climáticas porque é ela que "financia o que nenhuma outra pessoa financia".

Rioux acrescentou que 80% dos recursos mobilizados pelos 573 bancos de desenvolvimento mundiais estão concentrados nas entidades dos países do G20 e que metade deles já incluiu o clima nas suas operações.

O executivo francês disse esperar que os acontecimentos climáticos dos últimos meses incitem o G20 a organizar bancos públicos de desenvolvimento "de uma forma mais eficiente e sistemática" para enfrentar os desafios gerados pelas alterações climáticas".

Nesse encontro, representantes do G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, e de bancos públicos de desenvolvimento da Ásia, África, Europa e Américas e diversas organizações internacionais e da sociedade civil discutem soluções financeiras sustentáveis de bancos públicos de desenvolvimento e as sinergias dessas ações com a agenda do grupo.

O Brasil, que ocupa este ano a presidência do G20, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores do G20.

Portugal estará presente em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando a presidência brasileira com a cimeira de chefes de Estado e de Governo, no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de Nnovembro.