Uma questão de literacia

Precisamos cada vez mais de falar de “LITERACIA” e da sua importância num contexto político, social e económico. A literacia não se limita apenas à capacidade de ler e escrever, mas nas suas múltiplas dimensões que, quando desenvolvidas, ajudam as pessoas a ter uma melhor perceção das complexidades desta sociedade que se diz moderna. Três destas dimensões – a literacia social, a literacia económica e a literacia política – são fundamentais para a construção de uma sociedade mais

justa e equitativa.

A literacia social envolve a empatia, a comunicação eficaz e a capacidade de reconhecer e

respeitar a diversidade. Concordam certamente comigo quando digo que estamos a viver um tempo onde a polarização e a desinformação estão na ordem do dia e claro a literacia social permite que dialoguemos e colaboremos, mesmo com diferentes perspectivas. Sem a capacidade de ouvir e compreender o outro, a liberdade de expressão perde o seu valor, transformando-se em ruído e confronto negativo.

Precisamos de mais literacia económica, pois é através da literacia económica que podemos capacitar as pessoas para tomarem decisões informadas sobre finanças pessoais, investimentos e o funcionamento da economia como um todo (local

e global). Compreender conceitos como inflação, juros e mercados financeiros, lei da oferta e da procura, é fundamental para a autonomia individual e para a prosperidade coletiva. Cidadãos economicamente letrados estão mais bem preparados para

aproveitar as oportunidades que um mercado livre oferece, contribuindo para um crescimento sustentável e inclusivo. Contudo, esta literacia deve ser acompanhada de uma consciência ética que previna excessos e garanta que os benefícios do crescimento económico sejam amplamente distribuídos.

A literacia política, envolve, a meu ver o entendimento dos sistemas de governança, dos direitos e deveres cívicos e da importância da participação ativa na vida pública. Num regime democrático,

a literacia política é a garantia de que a soberania popular se expressa de maneira informada e consciente, pois só assim se pode evitar a “tirania da maioria” e garantir que as instituições democráticas funcionem de forma transparente e eficiente. A participação informada é a melhor defesa contra a corrupção e o autoritarismo, assegurando que a liberdade individual seja preservada.

Como liberal acredito que a promoção da literacia social, económica e política – é crucial para o fortalecimento da sociedade. A interdependência destas dimensões reflete a complexidade da vida e

acredito que ao investirmos na literacia, estamos não apenas a capacitar as pessoas, mas também a construir uma sociedade mais resiliente, equitativa e verdadeiramente livre.

É fundamental reconhecer que a liberdade não é um fim em si mesmo, mas um meio para a

realização plena do indivíduo numa sociedade justa e equilibrada.

E sabem uma coisa? A Madeira precisa urgentemente de, sem tibiezas, apostar como nunca na

literacia económica, social e política. O desafio é grande, mas as recompensas são imensuráveis.

Lutemos por uma cidadania consciente e ativa, capaz de enfrentar os desafios do presente e construir um

futuro mais promissor para todos.

Todos somos poucos para FAZER A DIFERENÇA!

José Augusto de Sousa Martins