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Mais de 800 mil palestinianos abandonaram Rafah desde início da ofensiva israelita

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Pelo menos 800.000 palestinianos abandonaram a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, nos últimos 13 dias, na sequência da ofensiva militar israelita, indicou ontem a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).

"Quase metade da população de Rafah, ou seja, 800.000 pessoas, está na estrada, tendo sido forçada sair desde que as forças israelitas iniciaram a operação militar na zona, em 06 de maio", indicou hoje o comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, na plataforma social X (ex-Twitter).

Israel intensificou os ataques contra Rafah durante os últimos dias, numa ação descrita pelo ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, como uma "operação precisa" contra "batalhões" do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

Na cidade encontravam-se 1,4 milhões de pessoas antes do recrudescimento da ofensiva, na maioria deslocados de outras zonas do enclave palestiniano.

No longo texto publicado na plataforma, Philippe Lazzarini apontou que, "quando as pessoas se deslocam, ficam expostas, sem passagem segura ou proteção".

"Em todas as vezes são obrigadas a deixar para trás os poucos pertences que têm: colchões, tendas, utensílios de cozinha e bens de primeira necessidade que não podem carregar ou pagar para transportar. Em todas as vezes têm de começar do zero, tudo de novo", escreveu.

O responsável da UNRWA acrescentou que os locais para onde os deslocados estão a ir "não dispõem de abastecimento de água potável ou de instalações sanitárias".

A ofensiva contra Rafah também implicou o controlo do lado palestiniano da passagem fronteiriça com o Egito, com a interrupção das operações de ajuda, o que intensificou a já grave crise humanitária no enclave devido à quase total ausência de fornecimentos após vários meses de guerra.

Nesse sentido, o líder da agência da ONU apontou que a situação na região está "novamente a ser muito agravada pela falta de ajuda e de mantimentos básicos".

"A distribuição de ajuda é quase impossível sem importações regulares de combustível, sem telecomunicações estáveis", afirmou, perante o encerramento dos principais pontos de passagem para Gaza, devido à proximidade com zonas de combate.

"Os postos de passagem devem ser reabertos e o seu acesso deve ser seguro. Sem a reabertura destas rotas, a privação de assistência e as condições humanitárias catastróficas manter-se-ão", instou.

Na opinião do responsável é imperativo alcançar um acordo para um cessar-fogo.

"Qualquer nova escalada nos combates só irá causar mais estragos nos civis e impossibilitar a paz e a estabilidade que os israelitas e os palestinianos desesperadamente precisam e merecem", sublinhou.

Apesar da limitação dos acessos nos pontos de passagem, o Programa Alimentar Mundial (PAM) confirmou hoje que 10 camiões de alimentos, incluindo biscoitos de alto valor energético, arroz, massa e lentilhas, chegaram ao seu armazém através da doca flutuante no litoral de Gaza.

Citado hoje pela ONU News, o Comando Central das Forças Armadas dos Estados Unidos, responsável pela construção da doca, anunciou que os camiões começaram a circular aproximadamente às 09:00 locais de sexta-feira (07:00 em Lisboa), e que nenhuma tropa norte-americana desembarcou na área.

A ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza provocou mais de 35 mil mortos e perto de 80.000 feridos em sete meses, segundo dados do Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

O atual conflito foi desencadeado por um ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, de acordo com as autoridades israelitas.