Uma nulidade
DIÁRIO publica sondagem da Aximage na próxima Quinta-feira
A campanha para as ‘Regionais’ que se disputam no próximo domingo prossegue sem ter conseguido convencer o crescente número de indecisos, atónitos com os requintes demagógicos daqueles que tudo prometem sem explicar como sustentam a gratuidade declarada. Haverá petróleo nas Desertas, ouro no Curral e diamantes nas Selvagens?
Os relatos que nos chegam não são animadores para a democracia, admitindo-se que a nulidade reinante, aliada ao cansaço decorrente da propaganda política contínua, venha a gerar um perigoso abstencionismo, a par de um desperdício de votos nunca visto, sobretudo para brancos e nulos que tanto em 2023, como em 2019, foram superiores aos três mil sufrágios, mais do que suficientes para eleger um deputado.
A campanha faz-se serena é certo, apesar de vaias e voyeurismos, infantilidades e perseguições, mas sem grandes rasgos criativos, nem compromissos vistosos. Bem pelo contrário. Acumulam-se erros primários de que é apenas exemplo a impensada romaria protagonizada por muitas candidaturas ao Mercado dos Lavradores, onde entram bem mais turistas - e é vê-los, de flyers na mão, à procura do caixote do lixo mais próximo! - do que residentes. Desfila sem escrúpulos a pobreza de ideias, algumas das quais manifestamente inconstitucionais, e muitas outras gastas por não serem exequíveis, a que se juntam as que foram decalcadas dos programas apresentados há oito meses aquando das eleições de Setembro de 2023.
Passeia sem vergonha o egocentrismo que nada resolve e que, numa espécie de tiro ao alvo, deita a mão às propinas, à mobilidade, às reformas, aos impostos, aos salários, à pobreza e à constituição, como se a Madeira autonómica fosse um ‘offshore’ capaz de passar a ter competências que nunca teve, a ver o que cai, sem ser na água. Ou então exibe o ridículo atroz, feito de cartazes terceiro mundistas, tempos de antena miseráveis, comícios encenados com gente bem sentada e ainda ‘posts’ de indisfarçável azia.
É expectável que até sexta-feira haja tempo e espaço para inverter o logro instalado. Mas também a incerteza que resulta, por um lado da convicção de que o tempo das maiorias absolutas acabou, e por outro dos efeitos no PSD-M, até agora sempre vencedor, do desgaste causado pelo “poder viciante” e pelas investigações judiciais em curso.
Resta aguardar pelas primeiras indicações da sondagem encomendada pelo DIÁRIO à Aximage e que publicaremos na próxima quinta-feira. O estudo não antecipará o resultado eleitoral num contexto em que são cada vez mais os que decidem como votar à última da hora, mas poderá ajudar a perceber tendências e a dissipar dúvidas sobre como será desenhada a governabilidade futura da Região num contexto em que as coligações pós-eleitorais se afiguram como incontornáveis.
Até porque não são poucos os que nesta campanha vão pedindo mudança, nova aragem democrática ou alternância de poder. Uns fazem-no de forma fundamentada, outros conforme sopra o vento, por vezes de forma atabalhoada e em ritmo acelerado, como se o mundo fosse acabar.
O desejo, irreverente por certo, é compreensível, até porque o futuro está no ar.