Livre contesta construção de teleférico no Curral das Freiras
A cabeça de lista do Livre às eleições regionais da Madeira, Marta Sofia, defendeu hoje o cancelamento do projeto de um sistema de teleféricos e de um parque aventura na freguesia do Curral das Freiras.
"Esta obra não pode [avançar] e há o garante desta candidatura de não viabilizar esta obra, ao contrário de partidos que se dizem ambientalistas e defendem e afirmam que é um investimento para o nosso turismo na Região Autónoma da Madeira", afirmou, em declarações à agência Lusa.
Contando com a presença do porta-voz do partido Rui Tavares, a candidatura do Livre foi hoje ao Miradouro da Eira do Serrado, na freguesia do Curral das Freiras, para falar sobre o projeto de teleféricos e do parque aventura, entretanto suspenso.
Marta Sofia sublinhou a "paisagem natural inigualável" do local e disse não acreditar que a obra avance, uma vez que corre em tribunal uma providência cautelar.
No entender da candidata, a prioridade do Governo Regional deveria ser a construção de uma via alternativa de entrada e saída daquela freguesia, situada no interior do concelho de Câmara de Lobos, uma reivindicação antiga da população e "uma promessa eleitoral de décadas".
Marta Sofia apontou também que o Curral das Freiras, um ponto de atração turística na região, tem rotas que, no âmbito da promoção de um turismo sustentável, "podem e devem ser impulsionadas".
Para isso, é preciso manter os trilhos terrestres, apostar na segurança e na informação, destacou, reforçando que "não é um teleférico que vai trazer movimento" à freguesia.
Em abril, o diretor executivo da empresa responsável pelo sistema de teleféricos no Curral das Freiras, Nuno Freitas, manifestou-se convicto de que o projeto vai avançar, apesar de ter sido suspenso pelo Governo Regional. O executivo está em gestão devido à crise política iniciada em janeiro, quando o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo judicial e se demitiu.
Em março, a Madeira Skypark Adventure previa o início das obras para maio, mas reconheceu depois que não seria possível cumprir esse calendário.
"O que tenho sentido é que em todas as reuniões que tivemos, não com todos os partidos, mas com os que nos quiseram receber, todos compreendem o projeto hoje em dia e nenhum se opõe ao projeto", disse Nuno Freitas em abril, quando questionado sobre a influência da queda do executivo madeirense e das eleições antecipadas agendadas para maio.
De acordo com a Madeira Skypark Adventure, o projeto implica um investimento "totalmente privado" de 47 milhões de euros, tendo já sido investidos mais de 8,5 milhões de euros.
O contrato é válido por 50 anos, a contar do início da exploração, e visa a construção e conservação de um sistema de teleféricos, de um parque aventura e de interpretação de natureza e de um 'zip line' ('slide'), incluindo instalações de apoio e restauração.
Tem motivado contestação de associações ambientalistas e forças partidárias da oposição, sobretudo devido ao impacto ambiental.
O Livre concorreu pela primeira vez nas eleições regionais em setembro de 2023, mas não conseguiu mandatos, com 0,65% dos votos.
As legislativas antecipadas da Madeira decorrem em 26 de maio, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.