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Regionais 2024 Madeira

BE defende fixação de preços máximos para resolver crise na habitação

Imagem captada durante a acção de campanha desta sexta-feira.
Imagem captada durante a acção de campanha desta sexta-feira.

O cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) às eleições de 26 de maio na Madeira defendeu hoje que o Governo Regional deve fixar preços máximos no arrendamento para fazer face à grave crise na habitação.

Em declarações à agência Lusa hoje de manhã durante uma ação de campanha na zona dos Pionais, São Martinho, no Funchal, Roberto Almada destacou que a situação habitacional "é muito preocupante", com as famílias em grande dificuldade para comprar ou arrendar um imóvel. Os arrendamentos no Funchal, indicou, estão na ordem dos 1.000/1.500 euros por apartamentos T1 e T2.

"Estamos na zona oeste da cidade do Funchal, uma zona mais turística onde está a ser construído um empreendimento que se chama o Dubai na Madeira, e nós quisemos, junto das pessoas, transmitir as nossas propostas para resolver a crise da habitação na nossa região", afirmou.

No entendimento de Roberto Almada, o novo Governo Regional tem de ter uma postura mais ousada no que diz respeito à crise no setor.

"Desse ponto de vista, o BE defende que devem ser fixados preços máximos para o arrendamento no Funchal e na Região Autónoma da Madeira em geral. Achamos também que deve existir uma maior limitação ao alojamento local, que tem crescido exponencialmente na Madeira, estando a ser ocupadas casas que podiam ser libertadas para o mercado da habitação", referiu.

De acordo com o candidato bloquista, o próximo executivo tem igualmente de garantir que nos novos empreendimentos a licenciar seja exigida uma quota de 25% para venda de habitação a preços razoáveis e competitivos, que as pessoas possam pagar.

"É preciso também valorizar os salários. A Madeira é uma das regiões [...] que têm o salário médio mais baixo. Se valorizarmos os salários, estamos a dar mais poder de compra às pessoas", referiu.

Roberto Almada lembrou que na Madeira há muitas pessoas a serem notificadas pelos senhorios para a não renovação dos contratos, porque pretendem colocar os apartamentos no alojamento local. Outras não conseguem pagar ao banco e têm de entregar as habitações e muitas regressam à casa dos pais.

"Aqui [Pionais] existem construções de empreendimentos de luxo com apartamentos a meio milhão e um milhão de euros. As pessoas que vivem na Madeira não conseguem comprar, apenas os vistos gold, os grandes investidores milionários é que podem pagar e comprar este tipo de habitação", indicou.

O cabeça de lista recordou também que o arquipélago tem acesso às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e está a investir em algumas habitações.

"Estamos a falar de 800 habitações, quando estão inscritas mais de quatro mil famílias para renda social e há outras famílias que precisam de arrendar habitação. Por outro lado, há uma grande especulação imobiliária, que só serve os grandes empresários, que vêm comprar habitação de luxo que os madeirenses não podem pagar", disse.

Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo sobre alegada corrupção.

Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.