Crime ‘Olá mãe, Olá Pai’ já tem detidos. O que se segue no processo?
Uma das burlas mais comuns dos últimos tempos já levou à detenção de algumas pessoas. Mas o que se segue? Conhece a burla? É possível recuperar o dinheiro?
É uma das burlas mais comuns dos nossos tempos. Tudo começa com uma simples mensagem de telemóvel a dizer: “Olá mãe” ou “Olá pai”. Segue-se a explicação de um problema e logo um pedido de ajuda monetária, cujo valores vão desde alguns euros, até centenas.
Na verdade, quem está por detrás destas mensagens não é o filho ou filha do receptor da mensagem, mas sim uma rede que se dedica a conseguir dinheiro dessa forma. Recentemente, a Polícia Judiciária deteve, em Lisboa, um cidadão estrangeiro suspeito de estar envolvido numa rede que se dedicava a este tipo de burla.
O que se segue? Podem as vítimas conseguir reaver o seu dinheiro? A que sinais deve estar atento para evitar ser burlado?
De que burla se trata?
Inicialmente, as vítimas recebem uma mensagem de alguém que se faz passar pelo filho. Depois explica que está com um problema com o telemóvel, pelo que aquele é o seu novo número. Desta forma, as vítimas não são levadas a suspeitar destes contactos com números que não reconhecem. Em seguida, é pedido uma quantia para pagar um serviço ou uma conta. Enviam os dados necessários para concretizar a transferência e, assim, ‘sacam’ dinheiro às suas vítimas.
Ao longo dos últimos meses, milhares de pessoas têm apresentado queixa junto da Polícia Judiciária, quando se apercebem de que foram vítimas de uma burla. A burla é mais eficaz quando as transferências são realizadas através de multibanco, principalmente à sexta-feira. Com as dependências bancárias fechadas, torna-se mais complicado travar estas transferências. Apesar de não ser certo, em caso de ter sido feita a operação através do site ou da aplicação, torna-se mais fácil impedir a burla.
Rede desmantelada. O que se segue?
Um cidadão estrangeiro, de 38 anos, foi detido há cerca de um mês por suspeitas de prática do crime de burla qualificada, associação criminosa e branqueamento de capitais, relacionados com esta burla.
De acordo com a SIC Notícias, só no ano passado foram apresentadas 3 mil queixas à PJ. Agora, é preciso comprovar que efectivamente, o suspeito foi responsável pela burla àquela vítima.
No entanto, muitos destes arguidos não possuem nada em seu nome, até porque ao crime de burla esta, muitas vezes, associado o crime de branqueamento de capitais para despistar a origem do dinheiro. Contudo, mediante as provas, em muitos casos compensa mais ao burlão chegar a entendimento com a vítima.
Se foi vítima de burla e já apresentou queixa, as autoridades deverão contactá-lo caso exista um suspeito da burla constituído arguido. Já em caso de dúvida, poderá ligar para a Judiciária e perguntar sobre o andamento do processo.
Como prevenir estes ataques?
Em primeiro lugar, deve ser cético em relação às mensagens que recebe. Se na sms alguém diz ser o seu filho, contacte-o para o número que já conhece ou através de mensagem para as redes sociais, por forma a confirmar se, efectivamente, mudou de número.
Além disso, deve verificar a origem. Se receber um e-mail ou uma mensagem de uma empresa, verifique a sua legitimidade, visitando o site oficial directamente (não clique nos links que constam da mensagem).
Depois, deve verificar os URL dos sites. Certifique-se de que o endereço do site está escrito correctamente e usa “https://” para ligações seguras. Fique atento a erros de ortografia ou domínios que pareçam suspeitos. A DECO PROteste dispõe de uma ferramenta online para ajudar os consumidores a avaliarem se um determinado site representa algum tipo de ameaça digital, antes sequer de nele entrar. Chama-se “Este site é seguro?”, e basta que o utilizador copie o URL que quer verificar e o “cole” ao retângulo que aparece no ecrã. Após carregar na seta para continuar, o resultado é imediato, com uma avaliação sobre a segurança daquele site.
Outra das dicas vitais é o uso de passwords fortes e únicas. Deve evitar usar palavras-passe facilmente adivinháveis e considerar usar um gestor de passwords para gerar e armazenar palavras-passe complexas e únicas para cada uma de suas contas.
Seja cauteloso com informações pessoais. Não forneça informações sensíveis como números da Segurança Social ou de contribuinte, detalhes de conta bancária ou informações de cartão de crédito.
Esteja atento a burlas comuns (pagamentos antecipados, burlas com encomendas, “problema com a conta bancária”, entre outras) Mantenha-se informado sobre crimes online comuns (e mais recentes), em meios de comunicação social ou no site da DECO PROteste.
Desconfie de urgência e pressão. O sentido de urgência para o pressionar a tomar uma decisão precipitada é sempre sinal de alarme. Tome o seu tempo para verificar as informações.