DNOTICIAS.PT
Artigos

Cumprir Abril em Maio

Estamos todos cansados e desiludidos. Estamos todos cansados e desiludidos com o estado a que isto chegou. Amamos a Madeira, somos Madeirenses com muito orgulho, levamos a nossa bandeira e o nosso sotaque a todo o lado, mas não aguentamos mais a frustração e a vergonha com que nos obrigam a confrontar diariamente.

A frustração de nascermos, vivermos, trabalharmos no nosso melhor sítio do mundo, graças à nossa gente, ao nosso mar, a esta terra que é nossa, mas continuarmos a ser confrontados com o inaceitável: a política que devia servir-nos a todos colocada ao serviço de alguns. A frustração de continuarmos a ter um serviço público de saúde que não chega a quem devia, de não termos ido mais longe na gratuitidade da educação, de não conseguirmos aceder a uma habitação, de sermos cada vez menos e mais velhos, um dia insuficientes para cuidarmos uns dos outros. A frustração de vermos opções urgentes adiadas, sujeitas a caprichos eleitorais futuros.

Não suportamos mais a vergonha de sermos governados por um bando. Estamos todos cansados desta gente que nos governa. Até quem nos governa está cansado de governar. Cansado de si mesmo: de quem governa. Já não é possível disfarçar: 48 são anos a mais - e já ninguém aguenta. Já nem eles aguentam, ou se aguentam. É isso que justifica que o PSD esteja em desintegração, que o CDS tenha sido expulso da coligação e que o PAN esteja em negação - mas já todos percebemos o que acontecerá depois, porque já vimos este filme antes: os que hoje renegam Albuquerque são exatamente os mesmos que amanhã dirão que sim ao PSD - a este, ou a outro qualquer.

Estamos cansados de quem nos governa, mas desiludidos com quem se propõe a governar. A uma semana das eleições, não vale a pena negar o óbvio: as eleições que deveriam ser as mais fáceis de sempre para a oposição são as que menos entusiasmo geram junto da população. Não há sobressalto cívico. Não há mobilização, porque não há mensagem que cative. Não há povo, não há sociedade civil, não há jovens, não há um futuro que brilhe à nossa frente. Onde devia haver esperança, há desconfiança e descrença: com os erros dos protagonistas; com as opções de quem se deixa amarrar a quem pouco ou nada acrescenta, em vez de a um futuro com significado para a maioria dos madeirenses. As mesmas pessoas, as mesmas escolhas, os mesmos discursos, os mesmos chavões, sem chama, sem alegria, sem convicção. Sabe a pouco, por vezes sabe mal.

Estamos todos cansados e desiludidos - mas não nos podemos resignar. Não podemos, por desistência ou falta de comparência, permitir que este poder se perpetue. É mesmo preciso mudar - e há sempre uma solução diferente, um caminho, uma alternativa, mesmo que não seja perfeita, ou ideal.

Na Madeira, Abril faz-se em Maio: foi assim a 1 de 1976; 50 anos depois poderá ser assim a 26 de 2024. Cumprir Abril é dar à nossa terra, de uma vez por todas, a alternância que já chegou a quase todo o lado. Desta vez, escolha diferente: um partido diferente, um parlamento diferente, um governo diferente. Seja o 1 que soma ao 25 de 74 para ser o 26 de Maio de 2024. Seja livre, vote e espere o melhor: por si, por nós, pela nossa Madeira.