Justiça francesa abre inquérito visando autores dos motins na Nova Caledónia
A justiça francesa anunciou a abertura de um inquérito visando "os autores" dos motins que abalam o arquipélago da Nova Caledónia desde segunda-feira, em particular um grupo pró-independência (CCAT) já acusado pelo Governo.
"Decidi abrir um inquérito sobre factos suscetíveis de dizer respeito aos instigadores", incluindo "certos membros da CCAT [Célula de Coordenação das Ações de Terreno, movimento formado por representantes de vários partidos e sindicatos independentistas]", informou o procurador de Nouméa, Yves Dupras, a uma estação de televisão local.
Na quinta-feira, o ministro da Administração Interna de França, Gérald Darmanin, descreveu o grupo como uma organização "mafiosa" e "violenta".
No arquipélago, a situação é descrita como "mais calma", com as autoridades a indicarem uma diminuição da violência no território ultramarino autónomo de França no Pacífico Sul, atualmente sob estado de emergência.
Porém, em algumas zonas de Nouméa continuam fora de controlo das autoridades, naquele que é o quinto dia de tumultos contra a reforma eleitoral.
"O estado de emergência permitiu, pela primeira vez desde segunda-feira, regressar a uma situação mais calma e pacífica na grande Nouméa", a capital do arquipélago, "apesar dos incêndios numa escola e em duas empresas", declarou o representante de França no território, Louis Le Franc.
A mesma fonte referiu que três bairros desfavorecidos da maior aglomeração do território, na sua maioria habitados pelo povo Kanak, continuavam nas mãos de "centenas de desordeiros".
Desde segunda-feira, a violência - a pior registada na Nova Caledónia desde o final dos anos 80 - causou a morte de cinco pessoas, incluindo dois polícias, e centenas de feridos, segundo as autoridades.
A crise começou com os protestos pró-independência contra uma reforma constitucional do colégio eleitoral, que foi rejeitada pelos representantes dos Kanak.
No vale de Tir, em particular, especificou Le Franc, "centenas" de pessoas continuam "atos de violência" e procuram entrar em confronto com a polícia.
"Os reforços vão chegar (...) para controlar as zonas que nos escaparam nos últimos dias", garantiu o representante à imprensa.
Para a maior parte da população de Nouméa, a prioridade hoje era abastecer-se de mantimentos, pois a escassez era iminente.
As filas de espera eram cada vez maiores à porta das poucas lojas de Nouméa que não tinham sido devastadas pelo fogo ou saqueadas.