Presidente do RIR diz que Albuquerque "devia ter vergonha" e afastar-se
A presidente do Reagir Incluir Reciclar (RIR), Márcia Henriques, afirmou hoje que o presidente demissionário do Governo Regional da Madeira e recandidato às eleições antecipadas pelo PSD, Miguel Albuquerque, "devia ter vergonha" e afastar-se da política.
"O doutor Miguel Albuquerque que me desculpe, mas não devia estar a concorrer, devia ter vergonha e afastar-se da política, as pessoas não o querem mais", defendeu Márcia Henriques, em declarações aos jornalistas, no âmbito de uma visita ao bairro social da Nogueira, no concelho de Santa Cruz.
"E, portanto, deem oportunidade a gente nova, que tem ideias, que tem vontade de fazer diferente, não é preciso estar agarrado ao lugar, parece uma lapa", apelou.
A candidatura do RIR, encabeçada por Liana Reis, percorreu hoje de manhã o bairro da Nogueira, a pedido de alguns moradores, para conhecer os problemas ali existentes.
No final, Márcia Henriques disse que sai do bairro "um bocadinho triste" com a realidade social que testemunhou, considerando que os políticos e responsáveis de cargos públicos têm de ir "aos locais e conhecer o que se passa, porque nos gabinetes não resolvem os problemas".
Fazendo um balanço da visita à região autónoma, que começou na quarta-feira, a dirigente do RIR referiu ter testemunhado uma "Madeira de ricos e uma Madeira de muito pobres".
"E essas desigualdades não se podem admitir no ano em que vivemos", afirmou, defendendo que a responsabilidade do presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), o social-democrata Miguel Albuquerque, nesta matéria "é muita".
Márcia Henriques tem destacado ao longo dos dias em que esteve na região a expectativa de o RIR eleger um deputado, objetivo que voltou hoje a destacar.
"Vamos eleger, tenho a certeza", afirmou, reiterando, por outro lado, que acordos com outros partidos "neste momento estão fora de questão".
"Analisamos medida a medida, se for uma medida positiva para a comunidade não temos problema em aprovar, se não for, chumbamos, é simples", referiu.
Nas últimas eleições regionais, em 24 de setembro de 2023, o RIR foi a terceira força menos votada, num total de 13 candidaturas, obtendo 727 votos (0,55%), num universo de 135.446 votantes.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.