RIR diz que Albuquerque foi "completamente ridículo" ao falar do risco de pobreza
A cabeça de lista do RIR às eleições antecipadas na Madeira, Liana Reis, disse hoje que o presidente do executivo PSD/CDS-PP, Miguel Albuquerque, foi "completamente ridículo" ao considerar "normal" a elevada taxa de risco de pobreza na região autónoma.
"Nós somos completamente contra essas declarações, não são próprias de um presidente em gestão, que atualmente está como candidato [cabeça de lista do PSD] e, provavelmente, até vai ser eleito", disse, insistindo que é "completamente ridículo."
A candidata do RIR falava após uma reunião com a delegação regional da Associação Nacional de Professores, no Funchal, na qual participou também a presidente do partido, Márcia Henriques, que se encontra na região no âmbito da campanha para as eleições legislativas antecipadas de 26 de maio.
"Essas pessoas que se encontram em situações de pobreza pensem bem em quem é que vão votar, porque há muita pobreza escondida aqui na Madeira [...] e o senhor presidente devia ter vergonha nessas afirmações que fez", disse.
Na quarta-feira, o presidente demissionário do Governo da Madeira (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, também cabeça de lista social-democrata, considerou ser "normal" que a taxa de risco de pobreza na região autónoma esteja 10 pontos percentuais acima da média nacional, sendo a mais elevada do país.
"É normal porque somos ilhas. As ilhas têm sempre um risco superior", disse o chefe do executivo madeirense, numa reação ao relatório "Portugal, Balanço Social 2023", que indica que o risco de pobreza no país subiu para 17% em 2023, o que fez com que mais 60 mil pessoas ficassem em risco de ficar pobres.
Em relação ao encontro com a Associação Nacional dos Professores, a candidata do RIR afirmou que muitas das preocupações dos docentes vão ao encontro do programa eleitoral do partido, nomeadamente a dificuldade de alguns em acompanhar a transição para manuais digitais do 1.º ciclo para o 2.º ciclo e o aumento dos atestados médicos por 'burnout'.
"Temos cada vez mais essa situação e verificamos que não é nas idades mais próximas da reforma, mas sim em situações cada vez mais jovens", alertou, referindo que há "professores de 40 anos, 40 e poucos, nessa situação de 'burnout', porque o ensino assim o obriga, a carga horária, as próprias crianças [...] fazem 'bullying' aos professores."
Liana Reis defendeu que a criação de uma ordem profissional no setor seria importante para também "regulamentar esta situação".
Ao quinto dia de campanha, a cabeça de lista do RIR disse estar satisfeita com a reação das pessoas, salientando que recebem o partido "de braços abertos" e ouvem as propostas.
"Por isso, acho que vamos no bom caminho", acrescentou.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas de 26 de maio ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco, o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.