Cancelamento de visitas de Zelensky mostra gravidade da situação
O cancelamento da visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Portugal e Espanha mostra a "gravidade da situação" na Ucrânia, argumentam fontes diplomáticas europeias, quando a União Europeia (UE) avança para novo pacote de sanções à Rússia.
"Sabemos que a situação no país é bastante grave e é por isso que continuamos a apoiar e há muitas iniciativas em curso, [...] mas é evidente que a situação no terreno é bastante problemática -- não vamos esconder que isso é verdade -- e o facto de Volodymyr Zelensky ter cancelado qualquer visita [incluindo a Portugal e Espanha] mostra a gravidade da situação", declarou um alto funcionário europeu falando com jornalistas europeus em Bruxelas, incluindo a Lusa.
"Estamos a continuar a apoiar a Ucrânia. Penso que o que vimos na semana passada e que será confirmado na próxima semana, no que se refere à utilização dos lucros inesperados dos ativos congelados [russos], mostra a nossa determinação em manter apoio contínuo", acrescentou a mesma fonte diplomática europeia.
O Presidente ucraniano cancelou todas as viagens ao estrangeiro nos próximos dias, anunciou hoje o porta-voz da Presidência ucraniana, numa altura em que a Ucrânia enfrenta uma nova ofensiva russa na região de Kharkiv.
Este anúncio foi feito depois de as autoridades espanholas terem anunciado anteriormente uma visita de Zelensky a Madrid e de o Governo português ter dito que também estava em preparação uma deslocação a Lisboa.
A Rússia lançou na sexta-feira uma ofensiva surpresa contra a região de Kharkiv, cuja capital, com o mesmo nome e a segunda maior cidade da Ucrânia, está localizada perto da fronteira entre os dois países.
A presidência ucraniana anunciou hoje o envio de reforços para a região de Kharkiv, depois de uma parte das forças ter sido retirada de algumas posições devido aos avanços significativos das tropas russas.
Os confrontos mais ativos estavam a ocorrer em Lukianti e Vovchansk, a norte de Kharkiv, onde as tropas russas conseguiram penetrar na semana passada pela primeira vez desde o início da invasão, no final de fevereiro de 2022.
Hoje mesmo, os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE tiveram uma primeira discussão sobre um novo pacote de sanções, o 14.º., à Rússia, que inclui o setor do gás natural liquefeito (GNL), medidas setoriais relativas à Bielorrússia e a 'frota sombra', navios utilizados usados para transportar mercadorias violando anteriores medidas restritivas.
"O debate de hoje centrou-se em alguns aspetos específicos do 14.º pacote de sanções, em que solicitámos às delegações que fornecessem mais orientações -- e não em todo o pacote -- e, com base nisso e no trabalho técnico, a Comissão apresentará nos próximos dias uma nova proposta revista", referiu uma outra fonte europeia, à Lusa e a outros meios europeus.
Na próxima semana, está então previsto que os representantes permanentes dos Estados-membros junto da UE voltem a "analisar todo o pacote de sanções", acrescentou a mesma fonte, admitindo porém serem "necessárias várias outras rondas para concluir todo o processo".
Na semana passada, os embaixadores dos 27 Estados-membros junto da UE chegaram a acordo político sobre a mobilização dos lucros com bens russos congelados para a Ucrânia, e indicaram estar a estudar novas sanções à Rússia que abrangem o GNL.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).