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O impacto da IA na desinformação à literacia

Recomendações do Observatório Iberifier

Foto Shutterstock
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O desenvolvimento crítico e urgente de investigação académica sobre as ameaças e benefícios da inteligência artificial (IA) é uma das recomendações do Observatório Ibérico de Media Digitais (Iberifier) no relatório hoje divulgado.

Esta é uma das quatro abordagens de inovação recomendadas no relatório "Padrões de consumo de desinformação em Portugal e Espanha", elaborado pelo Iberifier, um projeto que visa combater a desinformação.

De acordo com o estudo, em Portugal e Espanha "a confiança nos media e na ideia do jornalismo e das notícias como solução para os fenómenos de desinformação é consideravelmente menos difundida entre as gerações mais jovens, nomeadamente entre os 18 e os 24 anos".

E os comportamentos negativos em torno das notícias, "como o evitar ativo de notícias e a perda de interesse, são mais prevalecentes não só entre os mais jovens, mas em particular entre os mais pobres e os menos instruídos".

É um aspeto que os investigadores acreditam "ter particular impacto no potencial crescimento da polarização em ambos os países".

No relatório, o Iberifier faz 10 recomendações, das quais seis de continuidade e quatro de inovação.

Estudar respostas com Inteligência Artificial

Nesta última área, recomenda "desenvolver de forma crítica e urgente a investigação académica e os quadros regulamentares que estudam e enfrentam as ameaças da inteligência artificial, permitindo simultaneamente a maximização dos seus benefícios".

Estudar diferenças entre Portugal e Espanha

Propõe também a "investigação mais aprofundada sobre os aspetos que diferenciam Espanha e Portugal, não só relacionados com as dimensões (por exemplo, política, científica, social, económica, entre outros), mas também relacionados com acontecimentos e fenómenos concretos" e "uma abordagem crescentemente transnacional baseada não só nas fronteiras geográficas de ambos os países, mas também no pressuposto de que a língua espanhola e a língua portuguesa são um fator unificador para 645 e 236 milhões de pessoas em todo o mundo, respetivamente".

Estudar as "rotas" da viralização

Por último, o observatório recomenda a identificação de "possíveis rotas de viralização da desinformação através de diferentes plataformas, mapeando tendências entre diferentes tipologias de plataformas de redes sociais".

Perceber comportamentos na desinformação

O Iberifier recomenda a continuidade da "adoção de quadros psicológicos e sociais que enquadrem subjetivamente a perceção das audiências e os seus comportamentos em relação à informação e à desinformação, e exploração de padrões de comportamento negativos (diminuição do interesse pelas notícias ou evitamento de notícias)".

Estudar os processo eleitorais

Devem também continuar as "abordagens exaustivas" sobre acontecimentos específicos "como processos eleitorais nacionais e regionais, conflitos armados", entre outros, além de uma "compreensão mais profunda da circulação de conteúdos de desinformação nas redes sociais, numa perspetiva holística da oferta e da procura".

Investigações multidisciplinares e mais literacia

Recomenda ainda a "persistência de abordagens multidisciplinares e multi-institucionais em detrimento de abordagens isoladas e 'insulares'" e o "aumento do investimento na literacia mediática e noticiosa da população". Por último, reforça a necessidade de "convergência dos quadros políticos e regulamentares".

O Iberifier integra 23 centros de investigação e universidades ibéricas, as agências de notícias portuguesa, Lusa, e espanhola, EFE, e 'fact checkers' como o Polígrafo e Prova dos Factos - Público, de Portugal, e Maldita.es e Efe Verifica, de Espanha.