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Que políticas para a juventude queremos?

Fico sempre estupefacto quando vejo o Partido Socialista na Madeira a falar sobre a Universidade da Madeira e sobre os estudantes madeirenses a frequentar o ensino superior fora da Região.

Foi o PS na República que impediu sistematicamente durante os últimos anos uma majoração do financiamento da Universidade suficiente para cobrir os custos com a insularidade e ultraperiferia. Ao ponto de ter sido o Governo Regional do PSD a substituir-se ao Estado Central - que tem a tutela do ensino superior em Portugal - a manter as portas da universidade abertas.

Foi o PS na República que tentou acabar com o contingente Madeira de acesso ao ensino superior não fosse a pressão da JSD, dos deputados do PSD e do Governo Regional.

Foi o PS que votou na Assembleia da República contra uma proposta da JSD Madeira para a criação de um contingente insular no acesso às residências universitárias proporcional ao contingente de acesso. A JSD quis que 3,5% das camas nas residências universitárias do continente fossem reservadas a estudantes da Madeira. Os deputados do PS - que agora tanto fingem preocupar-se com os estudantes madeirenses e as suas famílias - reprovaram a proposta.

Foi o mesmo Governo da República do PS e das esquerdas que durante os últimos oito anos impediu que as famílias madeirenses pagassem apenas os 86 euros definidos por lei, permitindo a existência de um processo burocrático que tem favorecido sistemas fraudulentos. Teve de ser, mais uma vez, o Governo Regional da Madeira, através do “Programa Estudante Insular”, a substituir-se ao Governo da República para garantir viagens a preços socialmente justos e acessíveis para os estudantes madeirenses.

O mesmo PS que na República fez com que o Estado Central incumprisse durante todos estes anos com as suas obrigações de soberania, continuidade territorial e coesão nacional nas ligações áreas e marítimas à Região, que são da sua responsabilidade e tutela.

Num momento em que a JSD Madeira pode alargar a sua representação parlamentar regional, mais do que justa, com a eleição de dois excelentes quadros, Bruno Melim e André Pão, para além das questões ligadas ao ensino superior, no sentido de a JSD continuar a desenvolver o seu bom trabalho, deverá, a meu ver, ser dada tanta ou mais importância a dois outros temas: o acesso ao Emprego e à Habitação em condições enquadradas e compatíveis com a formação académica e com os valores remuneratórios praticados no mercado.

Se é verdade que a Madeira tem registado excelentes números na economia, batendo vários recordes, no turismo, na restauração e na hotelaria, por exemplo, também não é menos verdade que esse volume económico não tem chegado na proporção do seu crescimento ao pequeno tecido empresarial e social. Os números que fazem capas de jornais não se fazem sentir infelizmente no bolso da classe média nem das pequenas empresas madeirenses que não conseguem oferecer condições de trabalho em condições para competir com as que são oferecidas no exterior.

Uma das soluções poderá passar pelo investimento nas Tecnológicas, desde a formação na Universidade à criação de condições para o estabelecimento de empresas ligadas ao sector, que praticam salários mais condignos com a formação dos nossos jovens, essencial para evitar um êxodo qualificado da Região. Uma aposta, iniciada, e bem, por este Governo Regional, que deverá ser aprofundada em todas as suas vertentes. Só para termos um pequeno exemplo concreto: como é que queremos ser a “ilha das tecnológicas” se em muitos concelhos fora do Funchal não há rede nos túneis?

O acesso a Habitação é outro dos problemas que prejudica a fixação dos nossos jovens. Durante anos e anos, a partir da chegada da “Troika” a Portugal, depois da bancarrota a que o PS conduziu o País, a construção de novas casas caiu significativamente, o que faz disparar os preços nos dias de hoje.

Como contrariar? Garantindo o Governo Regional oferta pública em número suficiente para fazer equilibrar os preços de mercado. E para o efeito deverá destinar mais verbas para além daquelas que estão reservadas através do PRR. A Habitação é o principal problema dos jovens e da classe média madeirense. E o Governo Regional que sair das próximas eleições – que se espera ser do nosso PPD/PSD – deverá tratar o assunto como o principal problema da nossa sociedade.

Para terminar, gostaria de felicitar, em primeiro lugar, o CD NACIONAL pela subida à Primeira Liga de futebol, e, em segundo, voltar a lançar para o debate público a importância estratégica do Desporto na afirmação e projecção da nossa Autonomia. O nosso PPD/PSD e o Governo Regional da Madeira devem estar abertos ao diálogo com os clubes, e as suas massas sociais, sobre o (mais do que evidente) retorno do investimento do futebol profissional nas contas públicas e na economia da Região.

Se o futebol é um “negócio” que dá lucro à Região por que motivo não fazer uma aposta clara na criação de condições para a manutenção dos dois principais clubes da Região na Primeira Liga?