Madeira deve considerar microrreactores nucleares na produção de electricidade
Bruno Soares Gonçalves, especialista em energia nuclear, coloca essa opção num horizonte a 10 anos
O presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, do Instituto Superior Técnico, não tem dúvidas de que a Madeira deve considerar, no futuro próximo, a opção pela produção de electricidade a partir de energia nuclear.
A solução, entende Bruno Soares Gonçalves, deverá passar por pequenos e microrreactores modelares. A proposta assenta, sobretudo, na dimensão de consumo da Região e na “pequena pegada de implante, fornecendo uma grande quantidade de energia, de forma contínua, complementando o mix já existente”.
Esta foi uma das ideias apontadas pelo especialista nestas matérias numa conferência - 'Energia Nuclear na era das alterações climáticas' - que proferiu, esta manhã, na Escola Secundária Francisco Franco, destinada a seis turmas do secundário, da área das ciências, com física nos seus ‘curricula’.
Aos jornalistas, o também investigador apontou as dificuldades na gestão do espaço para a implantação de mais energia solar ou eólica, na Madeira, tendo em conta a exiguidade de espaços disponíveis para o efeito, podendo, no seu entender, a energia nuclear surgir como opção viável.
Outro dos argumentos a favor da energia nuclear no âmbito da descarbonização e combate às alterações climáticas prende-se com o facto de as energias renováveis serem intermitentes, sendo sempre necessária uma alternativa para as complementar. “Se a alternativa for gás é preciso expandir o espaço de armanezamento, um porto para receber gás, o que também torna complicada esta opção”, sustentou.
Bruno Soares Gonçalves, contrapondo as opiniões mais cépticas, defende que a opção pela nuclear deve ser, pelo menos, contemplada quando se perspectivam as soluções para os problemas ambientais actuais, só devendo ser descartada caso a sua viabilidade económico-financeira se revele insuficiente.
À escala nacional, num horizonte de 10 a 15 anos, o especialista defende um mix onde a nuclear represente 30% da produção, contribuindo, juntamente com outras fontes renováveis, para a tão desejada e necessária descarbonização da energia eléctrica. Este é, no seu entender, o tempo necessário para a configuração de todo o quadro legal necessário, a formação de mais recursos humanos e o aperfeiçoamento das novas tecnologias relacionadas com esta área que têm sido aprimoradas. “Não sendo uma necessidade imediata, é algo que pode aparecer num horizonte em que faz sentido a substituição das energias fósseis”, apontou.