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Madeira

Adesão à greve no sector privado dos transportes colectivos da Madeira ronda os 85%

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Foto Arquivo

A adesão à greve de 24 horas dos trabalhadores do setor privado dos transportes coletivos de passageiros da Madeira estava às 09:00 a causar impacto nos serviços e rondava os 80 a 85%, disse à Lusa fonte sindical.

A greve por melhores condições de trabalho e que não tem serviços mínimos, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) e abrange os trabalhadores da empresa de transporte público rodoviário Rodoeste, a SAM - Sociedade de Automóveis da Madeira e a Automóveis do Caniço.

"Esta greve foi marcada nos mesmos moldes das anteriores [12 de março e 17 de abril] e está a ser um tremendo sucesso tal como nas anteriores. Estamos a falar de 80 a 85% nomeadamente na Rodoeste. Nas outras duas empresas será ao mesmo nível, mas ainda não temos números concretos", disse o vice-presidente do SNMOT.

De acordo com Manuel Oliveira, os trabalhadores reivindicam uma convenção coletiva atualizada e um salário equivalente ao dos trabalhadores da empresa pública de transportes públicos do Funchal (Horários do Funchal).

"Estes trabalhadores vão fazer esta manhã uma caminhada até à Quinta da Vigia para tentar sensibilizar o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque para que possa solicitar à ACIF [Associação Comercial e Industrial do Funchal, a entidade patronal] que abra o canal de diálogo para que as partes, quiçá, possam chegar a um entendimento", disse.

Manuel Oliveira lembrou que a abertura do diálogo pela ACIF traz uma consequência: a suspensão imediata do processo de luta, beneficiando os utentes que usam estes transportes.

"Neste momento [a ACIF] não está a dar devida atenção a quem se faz transportar nestes transportes. O que está em causa foi o facto de a ACIF não se ter mostrado disponível para abrir um processo negocial. A ACIF veio agora dizer que não abre processo negocial sob ameaças, sobre pressão de uma greve", disse.

O sindicalista lembrou que antes do processo de luta desencadeado pelos trabalhadores, o SNMOT entregou à ACIF uma proposta para a construção de uma convenção coletiva sem qualquer pressão, nomeadamente no que diz respeito a marcações de lutas ou greves.

"Não conseguimos compreender. Se a ACIF sempre esteve disposta a encetar a via do diálogo porque não o fez? Agora não pode vir dizer que não abre a via de diálogo sobre pressão de uma greve. Obviamente que negocia sobre pressão, negoceia a ACIF, nós e toda a gente. A pressão faz parte da negociação", sublinhou.

Segundo Manuel Oliveira, os trabalhadores querem ser respeitados, pretendem ver aplicada a convenção coletiva, a diminuição da carga horário, em suma melhores condições de trabalho, que "são miseráveis".

"Como é que é possível num país dito de primeiro mundo existirem autocarros ao serviço do público com 40, que é o que acontece na Rodoeste e isso não acontece no continente, porque existem regras, alguém faz fiscalização", realçou.

Manuel Oliveira disse ainda que os trabalhadores vão aguardar por 'feedback' por parte da ACIF.

Questionado pela Lusa na greve, o presidente da ACIF, Jorge Veiga França, disse que o SNMOT adotou, desde o início, "uma postura em tom impositivo e ameaçador", referindo que a associação só está disponível para negociar se houver uma mudança de atitude.