O único criançola na sala
André Ventura (AV) acusou o Presidente da República (PR) de “Traição à Pátria e à Constituição” pelas declarações deste aos correspondentes dos media estrangeiros em Portugal afirmando que o País tem a obrigação moral de pagar os custos da escravatura transatlântica e de devolver os bens saqueados às ex-colónias.
Que se critique o PR pelo despropósito dessas declarações descontextualizadas e ainda por cima perante media estrangeiros, ignorando uma vez mais a sua condição de PR que deveria obrigá-lo à contenção inerente ao cargo que desempenha, no que aliás é reincidente basta lembrar-mo-nos dos elogios públicos e críticas em privado à governação de António Costa, tudo bem, também as critico porque das mesmas resultou apenas ruído inútil à volta de um tema que, como muito bem referiu o Presidente de Cabo Verde, exige um “debate sereno”.
AV ao acusar o PR de “Traição à Pátria e à Constituição” dá mostras de um histerismo populista, pueril e ridículo mostrando aos que ainda se deixam iludir pelas suas palhaçadas “fascistóides” e pelas suas proclamações de nacionalismo retrógrado, como se estivéssemos ainda no Portugal “salazarento” e ditatorial do “orgulhosamente sós” onde se acusavam e puniam os cidadãos por exprimirem livremente as suas ideias e opiniões.
A súbita “preocupação” de AV pela “traição” à Constituição tem tanto de contraditória como de hilariante, se tivermos em conta as inúmeras vezes em que AV e deputados do seu partido a “traíram” através de proclamações anti-constitucionais de teor racista e xenófobo, assumindo-se inclusive como fascistas que pretendem acabar com o nosso regime democrático, nomeadamente com a liberdade dos media, e que desde sempre manifestaram a pretensão de alterar as normas da Constituição que fazem de Portugal uma democracia plena e respeitada.
Este ataque populista e pueril contra o PR, que apenas tem apoios dentro do partido de AV e será obviamente chumbado na AR, faz de AV o único criançola na sala.
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