O Medo e a Realidade do Voto Branco e da Abstenção
Hoje, reunimo-nos para enfrentar uma questão premente que atinge o cerne dos nossos ideais democráticos: a profunda interpretação errônea e subversão deliberada do voto branco no nosso atual sistema de governação. Esta questão não é apenas uma falha processual; é um ataque flagrante aos nossos princípios democráticos e uma afronta às liberdades que prezamos.
O voto branco, uma ferramenta crítica de expressão democrática, permite aos eleitores participar no processo eleitoral sem endossar um candidato que considerem insatisfatório. É uma escolha legítima e deliberada, sinalizando a necessidade de melhores candidatos, políticas mais relevantes ou enviando uma mensagem clara - recusam-se a delegar o seu poder de decisão a partidos. A nossa não participação é uma acusação profunda a um sistema que não ressoa com os nossos valores ou cumpre as nossas expectativas de transparência e responsabilidade direta.
No entanto, de forma preocupante, esta escolha tem sido equiparada à apatia ou abstenção dos eleitores, uma falsa equivalência que é não só enganadora e prejudicial, mas também reprime ativamente uma voz democrática significativa. Esta confusão é agressiva e perversa, minando os alicerces da liberdade eleitoral e da escolha. É uma tática que beira o ofensivo, pois implica que as únicas escolhas são aquelas sancionadas pelas estruturas de poder existentes. Levanta uma questão crítica: pode um sistema que falha em distinguir entre desinteresse e desaprovação ativa ser verdadeiramente democrático?
Não é surpresa que haja uma taxa tão elevada de abstenção!
Além disso, quando os partidos apelam fervorosamente ao seu voto, é crucial discernir o motivo subjacente. Será realmente um apelo para exercer os seus direitos democráticos, ou é um apelo para manter o status quo - um sistema do qual eles dominam e do qual se beneficiam? Os seus apelos ao voto muitas vezes traem um medo - um temor subjacente de serem derrubados por alternativas como a democracia direta ou a tecnocracia, sistemas que poderiam mudar fundamentalmente as dinâmicas de poder e melhor representar a maioria.
Para todos nós que advogam por uma verdadeira democracia, apoiada por especialistas qualificados com a experiência necessária, onde as políticas são moldadas por dados empíricos, princípios científicos e recomendações de especialistas, com a aprovação final nas mãos do povo, as únicas opções viáveis para uma verdadeira participação democrática são votar em branco ou abster-se completamente!
Élvio de Assis Fernandez Freitas