Puigdemont confirma candidatura para liderar governo minoritário na Catalunha
O independentista catalão Carles Puigdemont confirmou hoje que vai avançar com uma candidatura a presidente do governo regional da Catalunha no parlamento para tentar liderar um executivo minoritário, na sequência das eleições autonómicas de domingo.
O partido de Puigdemont, o Juntos pela Catalunha (JxCat, direita independentista) foi o segundo mais votado nas eleições de domingo, que os socialistas venceram.
Puigdemont disse hoje acreditar que tem condições de reunir mais apoios no parlamento do que o candidato do Partido Socialista (PSC), Salvador Illa.
Para Puigdemont, os socialistas só conseguirão mais apoios do que o JxCat com uma "aliança contranatura" com o outro grande partido independentista da região, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC).
O líder do JxCat desafiou por isso a ERC a negociar um novo executivo independentista para a Catalunha.
Mesmo que consiga o apoio da ERC, Puigdemont precisaria da abstenção dos socialistas para ser investido presidente do governo regional (Generalitat).
Questionado como poderia conseguir a abstenção do PSC, Puigdemont disse que é uma pergunta que tem de ser dirigida ao primeiro-ministro de Espanha, o socialista Pedro Sánchez, cujo governo foi viabilizado em novembro passado, no parlamento nacional, por diversos partidos, incluindo o JxCat.
Puigdemont disse ser ainda prematuro falar sobre o impacto na estabilidade do Governo de Espanha das eventuais alianças e vetos na Catalunha, mas reiterou a possibilidade de retirar o apoio a Sánchez em Madrid em alguns cenários, como já tinha afirmado na campanha.
Puigdemont ameaçou retirar o apoio a Sánchez se os socialistas aceitarem os votos do Partido Popular (PP, direita espanhola) para inviabilizarem um executivo regional liderado por independentistas, como aconteceu no ano passado na câmara municipal de Barcelona.
"O panorama político espanhol irá ficando mais claro à medida que houver decisões ou não decisões" na Catalunha, disse hoje Puigdemont, que falava numa conferência de imprensa no sul de França, a partir de onde fez a campanha eleitoral das eleições de domingo.
Puigdemont, protagonista da declaração unilateral de independência da Catalunha de 2017 vive desde então fora de Espanha para escapar à justiça. Espera regressar em breve à Catalunha, depois de entrar em vigor uma lei de amnistia que negociou com o partido socialista espanhol (PSOE) e eu está prestes a ser aprovada pelo parlamento espanhol.
O Partido Socialista (PSC, estrutura regional do PSOE) venceu as eleições autonómicas de domingo na Catalunha sem maioria absoluta e Salvador Illa já anunciou que também se apresentará como candidato a presidente da Generalitat ao parlamento regional.
"Os catalães decidiram que cabe ao PSC liderar esta nova etapa", afirmou o líder dos socialistas catalães, no domingo à noite, sem ter revelado porém se e com quem pretende negociar a viabilização do executivo.
Os socialistas elegeram 42 deputados (mais nove do que nas eleições anteriores) e são necessários 68 para a maioria absoluta.
A par da vitória do PSC, os partidos independentistas perderam no domingo a maioria absoluta que há 14 anos tinham no parlamento autonómico e com a qual, através de uma "frente separatista" que unia direita e esquerda, foram viabilizando sucessivos executivos.
A ERC, que está à frente do atual Generalitat, caiu para o terceiro lugar e perdeu 13 deputados (ficou com 20).
O dirigente da ERC e ainda presidente da Generalitat, Pere Aragonès, assumiu os "muito maus resultados" no domingo e disse que o partido passa à oposição.
Illa admitiu durante a campanha governar com o apoio da ERC, partido que viabilizou todos os governos de Pedro Sánchez, com quem negociou indultos e a amnistia para os independentistas.
A ERC nunca se comprometeu com uma aliança com os socialistas na Catalunha, mas também nunca a excluiu, e Aragonès nada adiantou nas declarações que fez em Barcelona no domingo.