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Madeira

Clube de Ecologia Barbusano alerta para "Efeitos das alterações climáticas na biodiversidade"

Foto DR/Portos da Madeira
Foto DR/Portos da Madeira

O Clube de Ecologia Barbusano, da Escola Secundária de Francisco Franco, realizou uma conferência sobre a temática das alterações climáticas com "o objetivo conhecer os efeitos das alterações climáticas sobre a vida", com a palestrante convidada a ser a subdirectora regional de Pescas e Mar, Mafalda Freitas.

A "especialista em taxonomia de tubarões, mantas e raias, especialmente do mar profundo, e com vários trabalhos publicados sobre a vida marinha, iniciou a sua intervenção com um conjunto de informações relativas ao sargaço, que tem sido notícia por ser responsável pelas frequentes manchas acastanhadas no mar", explica uma nota de divulgação.

"Originalmente, estes seres vivos existiam no Mar dos Sargaços, nas Caraíbas, contudo, tem-se verificado um aumento da área ocupada por essas algas, devido ao grande afluxo de nutrientes que chegam ao mar, como resultado da agricultura intensiva", continua a nota a espalhar conhecimento adquirido na palestra. "Em 2011, ao largo do Brasil, formou-se um novo Mar dos Sargaços devido a essa prática agrícola, que as correntes marítimas deslocaram para a costa africana".

Em sequência, "as manchas acastanhadas estão a subir, tendo já atingindo o arquipélago das Canárias e o arquipélago da Madeira, razão pela qual têm sido avistadas no mar e a cobrir as praias da Ilha do Porto Santo e da Ilha da Madeira. No arquipélago da Madeira existem duas espécies de sargaços, sendo uma nova para esta zona, no sentido de monitorizar esta situação, foi criado para o efeito um grupo de trabalho", realçou Mafalda Freitas.

"Esta responsável pelas questões do mar e das pescas referiu igualmente que surgiu mais recentemente na Madeira uma alga proveniente da Ásia, a Rugulopteryx okamurae, que apresenta um potencial invasor significativo, razão pela qual as autoridades madeirenses estão a trabalhar para tentar a sua erradicação", disse.

Por isso, a oradora explicou, de igual modo, que, "devido às alterações climáticas, algumas espécies de peixes estão a deslocar-se da Madeira para zonas mais frias e que outras estão a surgir nesta zona do Atlântico, como a castanheta riscada e o peixe porco azul". E acrescentou: "A este propósito, salientou o aparecimento de organismos gelatinosos, como a caravela-portuguesa, chamando à atenção para a importância do projeto GelAvista que faz uma monitorização destes seres vivos. Além disso, destacou o projeto Escola Azul, que desempenha um papel relevante na sensibilização dos jovens para a questão da sustentabilidade dos oceanos, o qual já envolve 58 escolas do nosso arquipélago."

Já no período de debate, "foi abordada a problemática que está a afetar populações nómadas na Mongólia. As alterações climáticas estão a reduzir substancialmente a disponibilidade de alimento para o gado pastoreado por estas populações o que está a levar à morte dos animais e a forçar as pessoas a deslocarem-se para os centros urbanos. Esta situação causa graves problemas de habitação, emprego e educação", contou-se.

A finalizar, foi enfatizado na conferência que "a Madeira está também a ser afetada pelas mudanças do clima, sendo fundamental proteger a floresta Laurissilva, não só pela sua riqueza em biodiversidade, como também, pelo papel relevante que desempenha na disponibilidade hídrica da região. Lembrou-se que, no ano passado, uma parte da floresta Laurissilva do Galhano, na Ribeira da Janela, ardeu, em virtude dos incêndios que começaram na Calheta e se propagaram para essa zona. Neste sentido, foi feito um apelo aos jovens para que adotem comportamentos que mitigam as alterações climáticas, nomeadamente, a poupança de energia elétrica, a não adesão a um consumismo irresponsável e ao uso dos transportes públicos", deixou-se os alertas.