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Crónicas

A revolução no Porto e no Sporting. Para quando o Benfica?

Parece que foi há muito tempo mas vai fazer na próxima semana apenas 6 anos (mais precisamente a 15 de Maio) que 40 indivíduos encapuzados, pertencentes à claque do Sporting Clube de Portugal invadiram a academia de Alcochete, tendo vandalizado o balneário e agredido os seus jogadores de futebol e respetiva equipa técnica. Um autentico vendaval e um escândalo mediático em Portugal, num acontecimento a fazer lembrar países com as piores práticas a nível mundial e onde foram ultrapassados todos os limites da efervescência e do fanatismo desportivo. Desde então o clube expulsou o seu presidente à data Bruno de Carvalho, de sócio, retirando-lhe o cargo e promovendo novas eleições. Pensava-se então que os verde e brancos passariam uma longa travessia no deserto, para voltar a competir com os seus rivais e consequentemente uma mingua de títulos até que pudessem recuperar a sua força. A verdade é que num curto espaço de tempo, com uma nova direção, um treinador excepcional e diferentes métodos o clube voltou a ser campeão e este ano repetiu o feito contrariando assim todas as expectativas. Foi tal a transformação, fruto das escolhas acertadas e de boa organização que se apresenta para a próxima época como o grande favorito a revalidar o título.

No Futebol Clube do Porto, após 42 anos de Pinto da Costa à frente dos destinos da agremiação do norte, a revolução chegou poucos dias depois do 25 de Abril deste ano. Acossado por vários problemas financeiros e acusações que meteram em causa comissões milionárias ao seu filho e amigos, o clube que incorreu inclusivamente em várias multas e castigos da UEFA, devido às regras do Fair Play financeiro andou nos últimos anos às costas de Sergio Conceição, com muitas criticas à estrutura, aos ordenados milionários da administração e à dificuldade em segurar e contratar jogadores. O fim da linha seria no entanto ditado por uma Assembleia Geral explosiva onde sócios foram agredidos e o clima de impunidade perante certas personagens obscuras criou um clima de indignação. André Vilas Boas, que era considerado um outsider há uns meses, devido ao histórico do ex presidente, venceu com estrondo, nas eleições mais concorridas de sempre e com um resultado que não deixa margem para dúvidas. A vontade de mudança trouxe consigo reconhecidos ex quadros de grandes empresas portuguesas e uma filosofia de maior abertura com a promessa de recuperação financeira a breve trecho, sem que para isso seja necessário deixar de ganhar, obrigação permanente nos azuis e brancos. Veremos se conseguirá tudo o que apregoou na campanha e que resultados terá a sua equipa.

O Sport Lisboa e Benfica esse mantém-se numa linha de sucessão do anterior presidente Luis Filipe Vieira. Com muitos dos quadros do seu antecessor, Rui Costa apresenta no seu pecúlio de 3 anos à frente dos destinos do clube encarnado, no futebol, apenas uma Liga Portuguesa e zero Taças de Portugal, o que para o maior clube português é manifestamente pouco e começa a gerar uma onda de insatisfação e crescente desconfiança nos seus associados. Com um estilo de liderança assente na emoção, não fosse ele um ex grande jogador e um dos símbolos da paixão pelo clube, vai dando mostras de pulso leve e pouca capacidade para assumir decisões e transformações estruturantes que parecem cada vez mais necessárias. Com a saída de Domingos Soares de Oliveira, antigo CFO e administrador ligado à recuperação financeira, os gastos parecem cada vez maiores, seja no futebol profissional ou nas modalidades, com pouco critério e mais com o coração do que com a cabeça.

É por isso um presidente à deriva, rodeado de outro ex jogadores que pouco acrescentam para além da sua história, numa estrutura repleta de vícios e que não se tem sabido regenerar com gente competente. Com eleições no próximo ano, a época que se avizinha antevê-se por isso decisiva para o futuro próximo do Benfica. Estaremos à porta da revolução completa no futebol português, completando o circulo dos 3 grandes com mudanças profundas e a saída de Rui Costa? Aparecerá um candidato capaz de galvanizar as hostes e de alterar o rumo dos acontecimentos ou pelo contrário, a escolha recairá pelo mesmo caminho e pelos intervenientes de sempre? Terá a palavra a enorme e apaixonada massa associativa. Que 2025 será um turbilhão de emoções para os lados da Luz, disso não parecem restar dúvidas.