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Madeira

Carta Arqueológica da Madeira abre caminho a novos produtos de turismo cultural

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A elaboração da Carta Arqueológica da Região Autónoma da Madeira vem permitir um melhor conhecimento acerca da identidade dos nossos antepassados e uma melhor gestão do ordenamento do território, mas também vem potenciar, “a médio e a longo prazo, a criação e desenvolvimento de novos produtos turísticos de forma a dinamizar o turismo cultural na área da arqueologia, através da criação de roteiros, centros interpretativos e museológicos e à formação nesta área”. Quem o afirma é o arqueólogo madeirense Daniel Sousa, que apontou para o potencial específico do Porto Santo, uma ilha que "tem muita história para contar", património para ver e que garante o sossego que os turistas culturais tanto apreciam. Opiniões expressas no primeiro de seis episódios do programa ‘Legado - Histórias de Património da Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens’, transmitido esta tarde pela TSF, no âmbito do Mesclarte-Cimeira Atlântica da Cultura e Indústrias Criativas.

O especialista da Direcção Regional de Cultura explicou que a Carta Arqueológica “visa essencialmente uma óptica de futuro no que concerne à divulgação dos vestígios antrópicos de um passado, fixados e inscritos em redes de comunicação e de intercâmbio na Macaronésia”, ou seja, o Património Arqueológico das ilhas da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde, exposto numa ferramenta única, no que pode ser designado de Carta Arqueológica da Macaronésia.

Daniel Sousa descreveu que o estudo e inventário do Património Arqueológico do Arquipélago da Madeira, designadamente a elaboração de uma Carta Arqueológica que abarca todas as freguesias da Madeira, a ilha do Porto Santo e seus Ilhéus, ilhas Desertas e Selvagens foi o objectivo do Projecto Transnacional – Arqueomac (2009/14). Só a componente das ilhas Selvagens está por executar, devido à dificuldade de ligação e dos trabalhos de prospecção.

O arqueólogo descreve que as ilhas da Madeira e Porto Santo manifestam ocupações humanas significativas “dentro de uma cronologia diacrónica, onde se descobrem ambiências com interesse patrimonial arqueológico, arquitectónico, etnográfico, e etnológico, que são necessários preservar, consolidar e/ou salvaguardar”. Neste sentido, considera que “é de todo o interesse sensibilizar a sociedade em geral, para questões relacionadas com a sua própria identidade, como também difundir o legado do património arqueológico regional e as suas cronologias concernentes à ocupação antrópica, ou seja, vestígios de uma acção humana que aconteceram num determinado espaço dentro de uma determinada cronologia.

A Carta Arqueológica está virada para a preservação, valorização e salvaguarda do Património Arqueológico regional, pois reúne os vestígios ocupacionais humanos que caracterizam diferentes gentes, tipologias e cronologias, afectas a diferentes áreas geográficas e administrativas, com interesse histórico-cultural e turístico.

O caminho para a execução desta investigação arqueológica envolveu em primeiro lugar na garantia do financiamento europeu para o projecto transnacional Arqueomac, através do FEDER, contribuiu com cerca de 75.000 euros (cerca de 85% do total). Seguiram-se os trabalhos de investigação arqueológica, com recurso à pesquisa bibliográfica da especialidade, as metodologias de campo aplicadas à disciplina arqueologia, com prospecção, gradualmente alargada a todos os lugares, sítios, freguesias, comarcas e todas as áreas de interesse. Houve ainda o registo georreferenciado dos vestígios arqueológicos, a reconfirmação de sítios que já eram de alguma forma conhecidos e/ou inventariados pela comunidade científica. A documentação recolhida foi devidamente tratada e analisada, circunscrevendo áreas com interesse patrimonial arqueológico, reunindo todos os vestígios ocupacionais antrópicos que caracterizam diferentes tipologias e cronologias afectas às diferentes áreas geográficas administrativas com interesse histórico-cultural e turístico.

Daniel Sousa reconheceu que a escassez de profissionais na área da arqueologia tem sido uma das dificuldades no levantamento dos vestígios ocupacionais.

A Cimeira Atlântica da Cultura e Indústrias Criativas é organizada pela Associação da Cultura e Indústrias Criativas do Atlântico. Decorre na tarde deste sábado na Assembleia Legislativa da Madeira e é de entrada livre.