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Fazer a Diferença no Turismo

A melhor forma de evitar os problemas é estudá-los, preveni-los e combatê-los

O “overtourism” (turismo em excesso) é um desafio global, que suscita questões ambientais, económicas e socioculturais, e que afeta (e preocupa) todos os principais destinos turísticos do planeta. E a Madeira, que tem vindo a bater sucessivos “recordes” do número de turistas/dormidas, não é, nem pode ser, uma excepção.

Na verdade, avaliar o sucesso e a qualidade de um destino turístico (apenas) pelo número de visitantes é um erro. E acreditar que este número pode crescer sucessivamente e sem limites, um erro maior ainda.

Acresce que, medir a “intensidade turística” apenas com base no número de dormidas por habitante é uma falácia, pois ignora/esconde o essencial, que é a carga/pressão sobre os espaços comuns, infraestruturas, equipamentos e serviços, bem como a capacidade de resposta dos mesmos. Quando esta carga se torna excessiva/incontrolável, a qualidade de vida dos “locais” ressente-se, e o grau de satisfação dos visitantes diminui. Criando-se a tempestade perfeita para se “matar a galinha dos ovos de ouro”…

Assim, a menos que se defenda a limitação do número de visitantes e turistas pela via administrativa, é imprescindível avaliar, planear e actuar com a antecedência devida. É imperioso definir estratégias e instrumentos e encontrar e mobilizar os meios materiais, humanos e financeiros necessários para mitigar as consequências do aumento exponencial do número de turistas.

Em concreto, para fazer face a esta problemática, a Iniciativa Liberal apresenta, entre outras, as seguintes propostas:

• Criação de um sistema de monotorização permanente da afluência e das capacidades de carga dos espaços, infraestruturas, equipamentos e serviços turísticos, bem como das respectivas necessidades de melhoria e de investimento;

• Avaliação e (re)alocação dos recursos humanos necessários (e disponíveis) para garantir o eficaz funcionamento dos equipamentos e serviços turísticos;

• Aplicação da maior parte das receitas provenientes das taxas e tarifas turísticas na realização de investimentos no sector, e não em despesas correntes;

• Criação de um Fundo de Investimento Turístico, participado e financiado por todos os stakeholders, e responsável pela seleção, planeamento e execução dos investimentos prioritários;

• Aprovação de um Estatuto do Mecenato Turístico, Cultural e Ambiental específico para a RAM, que fomente a captação de contribuições privadas para investimentos no sector;

• Avaliação da possibilidade de privatização/concessão da exploração, gestão e manutenção de espaços comuns, infraestruturas, equipamentos e serviços turísticos.

A melhor forma de evitar os problemas é estudá-los, preveni-los e combatê-los antes que existam ou assumam dimensão incomportável. Escondê-los, rejeitá-los, ou empurrá-los para debaixo do tapete não os resolve, só os adia e avoluma. E cobrar taxas, criar barreiras e limitações à livre circulação e diabolizar os turistas também não resolve tudo.

Os residentes e os turistas não se bastam com a beleza natural, a temperatura da água do mar e bom clima. Precisam de circular sem engarrafamentos de várias espécies, de estacionar as suas viaturas, de utilizar instalações sanitárias funcionais e asseadas, de dispor de lojas, cafetarias e restaurantes atractivos e diferenciados, de ser guiados, encaminhados e atendidos por funcionários competentes e diligentes, tal como já acontece, por exemplo, na vizinha Ilha de Lanzarote.

É necessário Fazer a Diferença também no Turismo!!