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Acordo UE-Mercosul vai impulsionar vendas agroalimentares portuguesas no Brasil

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Foto Lusa

Representantes dos empresários portugueses e a AICEP Brasil acreditam que o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul vai impulsionar as exportações portuguesas agroalimentares para o gigante sul-americano.

À Lusa, o diretor da delegação do Brasil da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Francisco Saião Costa, afirmou que, apesar de a conclusão do acordo não produzir ainda "efeitos jurídicos imediatos", as empresas portuguesas serão beneficiadas com a "liberalização tarifária em setores industriais e agrícolas, fortemente presentes na matriz exportadora portuguesa para o Brasil, desde logo no setor agroalimentar e na indústria aeronáutica".

Também à Lusa, o presidente da Federação das Câmaras de Comércio Portuguesas no Brasil, Carlos Lopes, frisou que o acordo comercial "abre um leque extraordinário de oportunidades para os empresários portugueses, especialmente em setores onde Portugal já desfruta de uma forte presença e reputação"

Produtos como vinhos, azeites e conservas "poderão ser ainda mais explorados", assim como os setores de tecnologia e inovação, como as energias renováveis e tecnologias de informação, industrias estas que poderão "tirar proveito do acordo, dado o crescente interesse na América do Sul por soluções sustentáveis e tecnologias desenvolvidas na Europa", considerou.

Por outro lado, Carlos Lopes disse acreditar que, com a assinatura do acordo, podem vir a ser criadas mais parcerias entre empresas dos dois países, juntando o "conhecimento, capital e mão-de-obra", de forma a "construir plataformas de negócios de grande escala, algo que seria desafiador de alcançar apenas com os recursos disponíveis em Portugal".

Francisco Saião Costa insistiu que o desagravamento tarifário previsto, tanto os imediatos como ao longo dos próximos anos, "abrange cerca de 91% dos bens e 85% do valor das importações brasileiras de bens provenientes da Europa, o que, obrigatoriamente, incidirá favoravelmente nos principais grupos de produtos comercializados por Portugal com o Brasil".

Hoje, em Bruxelas, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, considerou que o acordo comercial UE-Mercosul, assinado na sexta-feira em Montevideu, é uma oportunidade para Portugal reduzir o défice comercial que tem com o bloco latino-americano.

"Portugal tem um défice de comércio agroalimentar de 517 milhões de euros por ano" com os países do Mercosul, disse hoje o ministro, acrescentando haver agora uma oportunidade para a redução desta diferença, exemplificando com o vinho e o azeite, entre outros produtos.

Em declarações à margem da reunião dos ministros da Agricultura e Pescas da UE, José Manuel Fernandes adiantou ainda que o acordo UE-Mercosul inclui mecanismos de salvaguarda e de reciprocidade.

Sem o acordo de parceria com os quatro membros do Mercosul - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai -, Portugal tem de pagar taxas alfandegárias de 10% para exportar e que vão até aos 26% e 38% no vinho e no queijo, explicou o ministro.

O governante adiantou ainda que o acordo prevê a entrada de um total de 99 mil toneladas de carne de bovino, abaixo das atuais 196 mil toneladas que já entram no mercado único.