Campeões do excesso de álcool ao volante e da repressão policial?
A propósito da manchete de ontem da vossa primeira página, não posso deixar de partilhar um episódio recente, ocorrido a familiares. Deslocavam-se na via-rápida numa madrugada chuvosa de Domingo para o seu domicílio, quando na saída que iam adoptar para seguir o seu rumo, um prestimoso agente da polícia lhes informa candidamente que teriam de mudar de rumo e se dirigir para o túnel da Ribeira de João Gomes.
Perante a insistência do agente, lá rumaram ao dito túnel, encontrando um aparato policial (sequinhos, que andar à chuva é chato!) digno de uma operação de combate à criminalidade violenta, sendo fiscalizados e seguindo a sua vida normalmente.
Ora, perante esta atuação das autoridades, que não me parece normal nem digna de um regime democrático, não seremos também campeões da repressão policial? Não seremos líderes em métodos que se assemelham a autênticos assaltos, só que efetuados pelas autoridades do Estado? Até onde permitiremos abusos de autoridade estatal, que hoje já deita ao lixo princípios como a presunção de inocência, nomeadamente na relação com a AT, onde o contribuinte é culpado à partida até provar a sua inocência? Isto sem qualquer indignação das habituais virgens ofendidas com investigações judiciais a políticos com práticas e relações, no mínimo, suspeitas!
Fiscalização e prevenção criminal, sim! Desviar as pessoas do seu trajeto para enfiá-las numa linha de montagem de caça à multa é um abuso estatal e sintoma de um Estado cada vez mais prepotente, onde só a arrecadação fiscal funciona como deve ser. Qualquer dia vão nos buscar a casa para “assegurar a segurança pública” ou, pelo menos, encher os cofres e fazer um brilharete nas contas públicas.
João Figueira