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AIEA convoca conselho extraordinário após ataques a Zaporijia

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A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) anunciou hoje uma reunião extraordinária do Conselho de Governadores na quinta-feira, a pedido de Moscovo e Kiev, que se acusam de ataques com 'drones' (aeronaves não-tripuladas) à central nuclear de Zaporijia.

O encontro, marcado para as 15:00 (14:00 de Lisboa) na sede da AIEA, em Viena, ocorrerá "na sequência da receção de duas cartas diferentes, uma da Rússia e outra da Ucrânia", precisou a agência especializada da ONU num comunicado.

O atual presidente do Conselho de Governadores da agência nuclear, o embaixador argentino Holger Martinsen, explicou ter tomado esta decisão "tendo em conta o caráter urgente dos pedidos", segundo uma nota confidencial citada pela agência de notícias francesa AFP.

Na sua carta, datada de segunda-feira, a Rússia pediu uma reunião "à luz dos recentes ataques e provocações das Forças Armadas ucranianas à central" nuclear de Zaporijia, a maior da Europa.

A Ucrânia, por sua vez, referiu-se à situação de guerra no país, após a invasão das forças militares russas, em fevereiro de 2022, "e às suas implicações em termos de segurança".

A central de Zaporijia, situada no sul da Ucrânia e desde março de 2022 ocupada pela Rússia, foi alvo de vários 'drones' no domingo e de um míssil novamente na segunda-feira, de acordo com a sua administração, instalada por Moscovo.

A Ucrânia acusou a Rússia de difundir "falsas" informações e de estar ela mesma por detrás dos ataques.

A AIEA, que dispõe de uma equipa de especialistas no local, confirmou os ataques sem atribuir a autoria dos mesmos a um ou outro dos países em conflito.

Trata-se de "um incidente grave que pode pôr em causa a integridade do recipiente de contenção" de um dos seis reatores nucleares, condenou a agência na rede social X (antigo Twitter), após o primeiro ataque.

Num comunicado, a AIEA deu hoje conta de uma "forte explosão", ao passo que a direção da central comunicou um novo ataque de 'drone' a um centro de formação situado junto às instalações da central.

"A segurança nuclear não foi desta vez diretamente ameaçada", mas é "um desenvolvimento preocupante", reagiu o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, apelando para que se "ponha fim" a estes ataques "irresponsáveis e perigosos".

A central nuclear de Zaporijia situa-se em Energodar, ao longo do rio Dniepre, que funciona como uma linha da frente natural entre russos e ucranianos.

Atualmente parada, há mais de dois anos que é alvo de repetidos ataques e bombardeamentos, cuja responsabilidade Moscovo e Kiev sempre negaram.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.