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Madeira

“Saí porque me abriram a porta”. Frederico fugiu de Portugal há 26 anos

Recorde a edição de 9 de Abril de 1998 neste 'Canal Memória'

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Foi em Abril de 1998 que Frederico Cunha, padre condenado pelo homicídio de um jovem, na Madeira, fugiu do país e regressou ao Brasil, o seu país de origem. Era apenas mais um capítulo de um dos casos mais badalados de sempre na Região.

O padre Frederico Cunha tinha conseguido uma saída precária e aproveitou a ocasião para sair do país. Na altura, à SIC, confirmou: “Abriram a porta da cadeia e eu saí”. A verdade é que o sacerdote tinha autorização para sair do estabelecimento prisional, no continente, em Vale dos Judeus, onde se encontrava a cumprir pena pela morte do jovem Luís Miguel. De recordar que o corpo da vítima foi encontrado no Caniçal, na zona da Ponta de São Lourenço. O jovem teria sido atirado de uma ravina pelo padre, que quereria uma relação mais íntima entre ambos.

Todo o processo em tribunal levou, por exemplo, à necessidade de reconstituição dos factos, no local, o que atrai centenas de pessoas ao Caniçal e muita comunicação social. A par disso, também no Tribunal de Santa Cruz, a leitura da sentença foi transmitida em directo pela televisão. Algo praticamente inédito na Região.

O padre estava preso desde Maio de 1992 para cumprir 13 anos de prisão. Na sua primeira saída precária, a 30 de Março do ano seguinte, saiu da prisão e não voltou. À comunicação social, que o contacto na época, garantiu que saiu do país com a sua documentação e que ninguém o impediu. Afirmou ainda que o fez sozinho.

O brasileiro assumia que não iria voltar a Portugal, mas não queria avançar com pormenores da sua fuga. Confirmava que os documentos tinham ficado na prisão, uma vez que é um procedimento habitual, mas que mesmo assim tinha conseguido deixar Portugal, sem ‘comprar’ documentos.

Com esta fuga, foi iniciado um novo julgamento por fuga-ausência ilegítima. No entanto, uma vez que nunca voltou a Portugal, o padre nunca chegou a cumprir a pena da prisão a que tinha sido condenado, nem julgado neste novo processo.

Só este ano é que o Papa Francisco demitiu de funções Frederico Cunha. A decisão do Papa Francisco de afastar Frederico da Cunha surge em resposta enviada ao pedido remetido ao Vaticano em Abril de 2023 pela Diocese do Funchal para uma análise do caso. Neste Explicador publicado pelo DIÁRIO pode ficar a conhecer as implicações desta decisão.

Caso padre Frederico: E se continuou a exercer?

São ou não válidos eventuais sacramentos celebrados após ter sido condenado?

Curiosamente, fez ontem seis anos que a pena de prisão do padre prescreveu, sendo que está livre da Justiça. A partir desse momento ficou livre para viajar, mas não convém visitar Portugal, pois arrisca-se a ser expulso.