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Igreja portuguesa pede que não se feche os olhos aos dramas da guerra

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Foto Lusa

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, apelou hoje a que não se feche os olhos "aos dramas da guerra, com as suas sequelas de horror, barbárie e destruição que ensombram o panorama mundial".

Para o prelado, estes conflitos causam "sofrimentos inauditos" a milhões de pessoas e põem "despudoradamente a nu a crueldade visada de matar, abusar e fazer reféns pessoas inocentes ou, em resposta, devastar sistematicamente as possibilidades elementares de vida de populações inteiras, reduzindo-as à mais indescritível miséria".

"A destruição programada das habitações, escolas e hospitais, o impedimento da ajuda internacional e, pior ainda, a eliminação daqueles que procuram acudir a tamanha selvajaria são atos de barbárie inaceitável, mesmo em tempos de guerra. É o que se passa em Gaza, nas cidades da Ucrânia e igualmente em muitas outras guerras, que já nem são notícia, como no Iémen, na Síria, no Sudão, no Congo e em tantos outros países", disse o também bispo de Leiria-Fátima na abertura da Assembleia Plenária da CEP, que está reunida em Fátima até à próxima quinta-feira.

Para o prelado, e "como tem repetido o Papa Francisco, a guerra nunca é solução e leva apenas à destruição, ao sofrimento e à morte, semeando ódios que permanecerão por muitas gerações".

Na ocasião, o presidente da CEP alertou, também, para os "sinais claros de uma radicalização social, política e até religiosa, que não é exclusivo de Portugal".

E referiu o processo sinodal que a Igreja está a viver até outubro desde ano.

Até 15 de maio, a Conferência Episcopal Portuguesa deve pronunciar-se sobre a auscultação nacional quanto ao modo como a Igreja se pode tornar "uma Igreja sinodal em missão", com vista à Assembleia final que terá lugar no Vaticano em outubro.

Para já, uma certeza: "Nas nossas dioceses, o processo sinodal dos dois anos passados não foi em vão. Pelo contrário, o sonho de uma Igreja mais participada, onde todos possam ser corresponsáveis de acordo com os seus ministérios e carismas e todos possam ser acolhidos, escutados e considerados, no respeito pela dignidade fundamental do batismo, é um desejo ardente que contribuirá para uma maior comunhão e um vigor renovado para a missão".

Até quinta-feira, o episcopado católico vai discutir a questão das indemnizações às vítimas de abuso sexual e preparar duas notas pastorais, uma sobre os 50 anos do 25 de Abril de 1974, e outra sobre o 5.º Congresso Eucarístico Nacional, que começará em Braga no final de maio.

Durante os quatro dias de reunião, a CEP vai também preparar a visita Ad Limina que os bispos portugueses farão ao Vaticano entre 20 e 24 de maio, bem como o Jubileu do próximo ano.